São Paulo, terça-feira, 09 de junho de 2009

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Governo tenta minimizar crise na área

DE WASHINGTON

A Casa Branca anunciou na semana passada o nome do titular do National Endowment for the Humanities (NEH), fundo federal que, com o National Endowment for the Arts (NEA), responde pela linha de frente do dinheiro público dos EUA aplicado diretamente na cultura. É o ex-representante (deputado federal) Jim Leach, 66, republicano moderado de Iowa, um dos seis do partido na Câmara a votar contra a Guerra do Iraque em 2002.
Ele e Rocco Landesman, novo titular do NEA, serão o que os obamistas chamam de "czares das artes". O uso constante do título para diversas áreas do governo levou o senador John McCain a postar no Twitter: "Obama tem mais czares que os Romanovs, que comandaram a Rússia por três séculos: Romanovs, 18, "cyberczar" completa o vigésimo [de Obama]".
Ironias -e a surpresa de saber que o ex-concorrente republicano de Obama à Presidência já domina a tecnologia do Twitter, ele que na campanha disse ter dificuldade em lidar com computadores- à parte, o fato é que o novo presidente parece tentar criar condições para minimizar o impacto da crise econômica no setor cultural.
Juntos, o NEH e o NEA têm um orçamento anual de US$ 332,6 milhões, ou cerca de R$ 665 milhões -o orçamento anual do Ministério da Cultura brasileiro é de R$ 800 milhões. No governo norte-americano atual, não há um cargo cultural com status de ministro. Os dois "czares" seriam uma tentativa de suprir essa lacuna, embora não esteja previsto que eles terão acesso direto a Obama.
Pessoas do setor ouvidas pela Folha reconhecem que o atual presidente mostra uma sensibilidade maior para a área que seu antecessor, George W. Bush (2001-2009), mas que apenas isso pode não ser suficiente. É verdade que os orçamentos de Obama para o NEH e o NEA aumentaram, respectivamente, 10,5% e 4% em relação aos do ano anterior, ainda sob comando do republicano.
O problema é que, com exceção de indústrias autossustentáveis, como a cinematográfica, a fonográfica e a editorial, setores como o de museus e música erudita dependem pesadamente de doações de pessoas físicas e verba de fundações. E essas secaram com o agravamento da crise. (SD)

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