DA SUCURSAL DO RIO

Foi em 1995 que a jornalista Conceição Campos arrumou, como diz, uma "senhora encrenca". Ela pediu a Paulo César Pinheiro, a quem mal conhecia, a indicação de um livro que tratasse de sua vida e sua obra. Ao ouvir do letrista que não havia nenhum, avisou: "Então, eu vou fazer".
O resultado é "A Letra Brasileira de Paulo César Pinheiro -0Uma Jornada Musical", que será lançado hoje, a partir das 18h30, na Livraria da Vila (r. Fradique Coutinho, 915, 0/xx/11/3814-5811), e é um dos destaques da série de comemorações dos 60 anos do artista, completados em 28 de abril.
"Foi difícil principalmente por causa da produção grande dele, porque eu queria quantificar, dimensionar a obra. Como ele tem alguns discos, mas não é intérprete, as gravações estão espalhadas por diversos cantores", conta a autora.
Até janeiro do ano passado, ela localizou 873 composições, feitas com 117 parceiros e gravadas por 552 pessoas. E, até janeiro deste ano, registrou 1.129 canções inéditas. Já desatualizados, os números impressionantes (um parâmetro: Chico Buarque tem menos de 400 músicas) despertam dúvidas em relação à preservação da qualidade. "O Paulo César tem uma compulsão por escrever e consegue manter extraordinariamente a qualidade", defende Conceição. "Nos últimos anos, está escrevendo de maneira muito simples e com grande capacidade de comunicação. É um aprimoramento."
Em vez de seguir uma cronologia rígida, a jornalista dividiu a maior parte do livro em temas, como as "terras (cariocas, mineiras, nordestinas, amazônicas)" que têm ligação com as criações de Pinheiro e seus parceiros -Baden Powell, Tom Jobim, Dori Caymmi, Edu Lobo, João Nogueira, Eduardo Gudin e tantos outros. (LUIZ FERNANDO VIANNA)