São Paulo, quinta-feira, 09 de junho de 2011

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Plateia à espera

Municipal reabre amanhã para convidados e no domingo para o público; programação privilegia corpos artísticos da casa

Rodrigo Capote/Folhapress
Poltronas da plateia do Theatro Municipal

GABRIELA LONGMAN
DE SÃO PAULO

Quando a reportagem da Folha telefonou para falar com a diretora do Theatro Municipal, Beatriz Franco do Amaral, na quarta-feira à tarde, ela não podia atender.
Estava em reunião com um florista.
Depois de três anos fechado para restauro, o teatro comemora sua reabertura neste fim de semana e se prepara para as festividades do centenário, em 12 de setembro.
Quando a data chegar, seu palco vai sediar a estreia de "Rigoletto", ópera de Verdi revisitada pela direção cênica de Felipe Hirsch.
Antes de ouvir "La donna è mobile", porém, Amaral precisa deixar a casa pronta para o concerto inaugural, que acontece amanhã e no sábado, para convidados, e, no domingo, para o público.
"Todo mundo quer vir, e o teatro não é o Maracanã", brincou a diretora.
O concerto terá a Orquestra Sinfônica Municipal, o Coral Lírico, o Quarteto de Cordas e uma série de solistas num programa com peças de Radamés Gnatalli, Ralph Vaughan-Williams, Anton Bruckner e Ronaldo Miranda. Entre junho e dezembro, o teatro abrigará 94 apresentações de 47 espetáculos.
"Mais importante do que fazer um concerto, uma obra gigantesca, era devolver os grupos do Theatro Municipal para o palco e devolver o palco, com música, para a cidade", disse o maestro e diretor artístico da casa, Abel Rocha.
Ele apontou a necessidade de a equipe técnica "reaprender" a utilizar o palco.
"A concha acústica foi modernizada, as operações de cenário e luz mudaram. Vários controles, antes mecânicos, agora são eletrônicos."
Os espetáculos de junho e julho devem ajudar a preparar a equipe para a volta das óperas, em agosto.

PROVINCIANISMO?
Fora da lista de convidados ilustres ficou, entretanto, o oboísta e maestro Alex Klein. Diretor artístico do teatro desde o início de 2010, Klein pediu demissão em fevereiro deste ano, alegando que decisões sobre a programação da sala estavam sendo tomadas a sua revelia.
"Estou muito feliz com a reabertura. Quando eu renunciei, havia a possibilidade de ser só em setembro", disse Klein, em entrevista à Folha, dos Estados Unidos.
Ele foi enfático, porém, em relação à programação.
"Eu só acho que São Paulo está "ilhada", e que o Theatro Municipal perpetua esta sensação de "ilha", onde o que se faz é virado para uma visão muito provincial das artes."
Ele conta que, em sua gestão, havia feito parcerias com grandes casas, como o Metropolitan, de Nova York, o La Scala, em Milão, e a Ópera de Berlim.
"São Paulo não deveria ficar devendo para Pequim ou Xangai, ou mesmo para muitos centros da Europa e dos EUA", arrematou.
Abel Rocha admitiu que os atrasos na reabertura comprometeram a temporada. "Na hora de realocar a programação de abril para junho, você não consegue mais agenda", explicou.
Ressaltou, entretanto, que tem uma visão artística diferente da de Klein, e que dá prioridade às óperas e à música lírica vocal no lugar dos grandes concertos.
"Existia uma proposta de fazer a Oitava de Mahler na reabertura do teatro. É uma peça maravilhosa, mas ela representa pouco para a casa. Trazer os corpos estáveis, os artistas do país de volta para o Theatro Municipal é uma maneira de repensar a função do espaço."
Beatriz Amaral elogiou o novo diretor. "Estou muito feliz de trabalhar com ele. Escreve isso? Quando sou obrigada a falar "não" para alguma coisa, ele entende."
As obras de restauro começaram em junho de 2008. De acordo com a Secretaria da Cultura, o próximo passo será a entrega, no fim de 2012, da praça das Artes, um anexo que abrigará corpos artísticos e salas de ensaio. Cenas do próximo ato.


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