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RUÍDO
Espanha vive febre de Carlinhos Brown
PEDRO ALEXANDRE SANCHES
DA REPORTAGEM LOCAL
Após reunir 400 mil pessoas
no Fórum Barcelona 2004,
em torno de um trio elétrico
chamado Camarote Andante, o
baiano Carlinhos Brown, 39, anda galgando paradas européias.
A "Carnavalona" (como ele
apelidou a micareta em que cantou e tocou Tom Jobim, Jorge
Ben Jor, Perez Prado e Dizzy Gillespie) ajudou seu álbum "Carlito Marron" a conquistar disco
de ouro (50 mil cópias) na Espanha. "Maria Caipirinha", dele
com DJ Dero, russo que vive na
Argentina, é hit atual de ponta
nas pistas eletrônicas de Ibiza.
"Maria Caipirinha" integra
seu novo CD, "Carlinhos Brown
& DJ Dero Present Candeal
Beat", que deve sair no Brasil pela Universal, só no fim do ano.
"Estava louco para fazer umas
fusões eletrônicas. "Candeal
Beat" é eletrônica artesanal, tecnobatucada", define Brown, da
Bahia, para onde voltou entre
uma e outra excursão européia.
"Viajo pela Europa em ônibus
com cama, adoro. O Brasil tinha
que reaprender a fazer show
sem precisar de avião, baratearia custos, ingressos."
Ele espera mostrar em setembro a seu bairro natal, Candeal,
o produto de outra conexão Bahia-Espanha: o filme "El Milagro del Candeal", do cineasta
Fernando Trueba ("Sedução").
"O filme é um desses momentos da vida em que tudo fica claro. Não vou parecer mais um
personagem perdido, fantasiado de Carnaval. Não abro mão
de minha responsabilidade com
o Candeal, não desisto do meu
país. Quero me preparar para o
Brasil, ser compreendido aqui",
sonha o nômade pós-moderno.
LEI DO JABÁ AVANÇA
Após mais de um ano, o
deputado Walter Pinheiro
(PT-BA) entregou à Comissão
de Ciência e Tecnologia
relatório favorável ao projeto
de lei que criminaliza o jabá
(execução de música mediante
pagamento). Em agosto deve
acontecer audiência pública na
comissão, para esclarecer os
parlamentares sobre o projeto,
que poderá então ir a votação.
EMI POPULAR
O novo presidente da EMI,
Marcos Maynard, não
confirma que Miguel Plopschi,
mago pasteurizador do pop
dos anos 80, seria o novo
diretor artístico da casa.
"Boatos são boatos", esquiva-se. Sobre indicações de que a
ultimamente sofisticada EMI
daria guinada rumo à música
mais popular/comercial, diz:
"Uma gravadora, em qualquer
parte do mundo, deve ter todos
os gêneros musicais do país em
que está situada".
LUXO E LIXO
A BMG alemã prepara balão
de ensaio antipirataria: lançará
os mesmos CDs em duas
versões distintas, uma
"luxuosa" e outra "barata". Os
preços respectivos serão de
17,99 e 9,99.
O NÃO-LANÇAMENTO
Nascido em Lisboa e radicado em São Paulo desde
menino, Abílio Manoel conheceu o sucesso na virada
dos anos 60-70, vencendo
festivais universitários e tocando no Brasil, no Chile, no
México. Ficou célebre o embrião de samba-rock "Pena
Verde", carro-chefe deste
disco que a Odeon (hoje
EMI) editou em 70. Meio
Jorge Ben, meio Chico Buarque, apoiou-se primeiro nos
sambas suingados "Pena
Verde" e "Luíza Manequim"
(72), depois num projeto
utópico de música pan-americana, de "América Morena" (76). O projeto fez água,
o nômade sumiu do mapa
geográfico-musical. Mas
"Pena Verde" e "Luíza Manequim" tocam até hoje nos
bailões do Brasil periférico.
@: psanches@folhasp.com.br
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