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CRÍTICA
Humor absurdo tempera filme da Disney
DIEGO ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL
Não chega a ser nenhum segredo que, guardadas as
mudanças de cenários e personagens, a Disney sempre contou o
mesmo filme. Um evento qualquer perturba o equilíbrio de uma
comunidade, que se vê diante de
pouquíssimas esperanças até o
surgimento de um herói. O mais
desajeitado e improvável, melhor.
Aí entram as vacas. Quando o
temido Alameda Slim começa a
roubar o gado das fazendas da região, o dono da vaca leiteira Maggie fica com uma mão na frente e
outra atrás e resolve doar o animal para uma amiga fazendeira.
O problema é que essa fazenda
está correndo um sério risco: endividada até o pescoço, Pearl, a fazendeira, pode perder as suas terras, caso não pague o que deve.
Sem nada a perder, a nova vaca
convence Calloway e Grace a saírem juntas em busca de uma solução para o impasse -o que inclui
participar de um concurso de beleza para animais do campo e da
caçada ao lendário ladrão Slim.
Três vacas gordas caçando?
Conta outra... O humor absurdo,
um pouco na linha da safra recente de séries animadas -alguém
falou em "A Vaca e o Frango"?-,
é um dos pontos altos do longa.
Bem como o são, com alguns
poucos deslizes de estilo, as vozes
dos personagens carregadas de
sotaque e expressões caipiras que
transportam "Nem que a Vaca
Tussa" do Meio-Oeste americano
direto para o interior de São Paulo
ou de Minas Gerais.
Mas, voltando ao início, o fato é
que, tirado o couro da vaca, nada
sobra que não o mais manjado argumento clássico dos filmes da
Disney. Já sabemos onde vai acabar tudo aquilo.
O conservadorismo faz todo o
sentido considerando que "Nem
que a Vaca Tussa" pode ser, de
acordo com os próprios funcionários dos estúdios de animação,
a última bala na agulha da companhia no campo da animação tradicional, em 2D.
Daí que ninguém queria errar a
mão: aproveita-se a carcaça, mudam-se as aparências e, muitas
vezes em prejuízo do próprio ritmo e coerência da narrativa, faz-se de tudo para deixar tudo amarradinho no final.
"Nós vamos capturar esse vilão
nem que a vaca tussa." Encaixado
mais ou menos nesses termos, só
para justificar o título em português, não é exatamente esse o sentido do dito popular, geralmente
usado para expressar a impossibilidade de um acontecimento.
Engraçadinho, porém digno de
encerrar a carreira outrora brilhante dos clássicos estúdios Disney? Mas nem que a vaca tussa!
Nem que a Vaca Tussa
Home on the Range
Direção: Will Finn e John Sanford
Produção: EUA, 2004
Quando: a partir de hoje nos cines
Butantã, Osasco Plaza e circuito
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