São Paulo, quinta, 9 de julho de 1998

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VIOLÊNCIA À TARANTINO
Insegurança causa união de entidades

IVAN FINOTTI
da Reportagem Local

Seis entidades ligadas ao mercado publicitário e cinematográfico estão se unindo para empreender uma ação conjunta pela resolução do caso do Estúdio Abertura.
"Resolvemos trabalhar em conjunto para que não reine mais esse clima de insegurança entre nossos associados", afirma Cássio Pardini, diretor executivo da Apro (Associação Brasileira das Empresas Produtoras de Obras Audiovisuais Publicitárias).
Lideradas pela Apro, as entidades -quatro associações e dois sindicatos- vão pedir prioridade à secretaria da Segurança Pública na investigação dos atentados ao estúdio.
O Estúdio Abertura fechou suas portas no dia 22 de junho, quando quatro homens armados invadiram e incendiaram o local. O prejuízo foi de R$ 6 milhões e 70 funcionários foram dispensados.
Antes disso, em 28 de abril, a polícia encontrou três quilos de cocaína em um banheiro do estúdio.
E em 17 de março, o dono do Abertura, Joaquim Clemente, foi baleado três vezes na avenida Indianópolis. Até agora, a polícia não tem pistas sobre os autores dos dois atentados.
Para o advogado da Apro, João Paulo Morello, "os atos criminosos feitos contra o Abertura não têm quaisquer indícios de conclusão. Vamos pedir prioridade na investigação ao secretário José Afonso da Silva".
Pardini e Morello querem se reunir com o secretário da Segurança Pública na semana que vem.

Ministério da Cultura
As entidades também procuram conseguir uma audiência com o ministro da Cultura, Francisco Weffort.
"Queremos pedir ao ministro que dê benefícios fiscais para a entrada de novos equipamentos de telecinagem no mercado brasileiro", diz Morello.
O Estúdio Abertura era uma das três únicas empresas do país a oferecer o serviço de telecinagem -transformação de filme em vídeo. Agora, restam a Casablanca, em SP, e a Mega, no Rio. Uma máquina de telecine custa entre US$ 1 milhão e US$ 2 milhões.
Segundo Pardini, "a destruição do Abertura é uma pedra no caminho da indústria cinematográfica brasileira, que vinha crescendo".
"Agora, as duas únicas empresas que fazem telecinagem no Brasil estão sobrecarregadas e produtores têm sido obrigados a recorrer a empresas estrangeiras. Não queremos isso", diz.

Negativos
Um novo levantamento de arquivo feito pelo produtor Marcelo Bloisi revelou que os negativos do clipe "Maracatu Atômico", de Chico Science, não foram queimados no incêndio criminoso do Estúdio Abertura, ao contrário do que se pensava. Bloisi afirma que o que se perdeu foi uma série de fitas telecinadas do videoclipe.



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