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MONTREUX
Skye Edwards, vocalista da banda inglesa, fala à Folha sobre o processo de criação do grupo
Morcheeba leva seu trip-hop à Suíça
CARLOS CALADO
enviado especial a Montreux
Eles foram a atração mais disputada da noite "Electro Rock",
que levou quase 2.000 pessoas à
sala Miles Davis, anteontem, no
Festival de Montreux.
A banda inglesa Morcheeba
tem colhido elogios eufóricos,
em especial após o lançamento
de seu segundo CD, "Big Calm"
(WEA), que mistura rock eletrônico, dance, soul e hip-hop.
Criado no fim de 94 pelos irmãos Paul (batidas, arranjos e
letras) e Ross Godfrey (guitarra),
o Morcheeba tem na voz suave e
quase infantil da cantora Skye
Edwards, 27, um de seus apelos
mais fortes.
Quem a vê no palco, sensual e
com um berrante tufo de cabelos
alaranjados, mal pode imaginar
que ela é uma tímida mãe de dois
garotos. Leia a seguir trechos da
entrevista que Skye concedeu à
Folha, em Montreux.
Folha - Como você se envolveu
com a música?
Skye Edwards - Cresci ouvindo rádio, especialmente música
pop britânica. Minha mãe costumava ouvir muita música
"country". Cantei em coros
quando era criança, mas nunca
na igreja, só na escola, onde também aprendi a tocar um pouco
de percussão. Na verdade, só de
uns cinco anos para cá é que comecei a me envolver com esse tipo de música que fazemos.
Folha - Você aprova o rótulo de
"trip-hop" que a mídia especializada tem dado ao som de vocês?
Skye - Para ser sincera, não.
Trip-hop pode até ser considerado um rótulo legal, mas não acho
que nossa música se adapte a ele
completamente. Quando estivemos na América do Norte, fomos tratados como música eletrônica, rótulo que nos colocou
ao lado do Prodigy, por exemplo, que faz uma música totalmente diferente da nossa.
Folha - Então como você preferiria que a música do Morcheeba
fosse chamada?
Skye - Bem, é sempre difícil
descrever a música com palavras. Talvez a chamaria de música folclórica moderna (risos).
Ou, quem sabe, de funk-hop.
Folha - Como é que Paul, Ross e
você compõem as canções do
Morcheeba? Existe uma rotina?
Skye - O mais comum é fazermos uma espécie de "jam": improvisamos, com Ross tocando
violão ou piano. Ao mesmo tempo, Paul está sempre escrevendo
coisas e quando ele acha que
uma delas está quase pronta, nós
ouvimos e damos palpites.
Folha - Ross já declarou que vocês gravaram o primeiro álbum
do grupo sob o efeito de drogas.
O som do Morcheeba seria diferente sem drogas?
Skye - Antes de qualquer coisa, acho que o talento já está lá,
não importa se você fuma ou toma alguma coisa. Não acho que
isso altere alguma coisa.
Folha - Que tipo de música você gosta de ouvir em casa?
Skye - Bem, depende do que
estou fazendo. Quando estou cozinhando, por exemplo, gosto de
ouvir Cesária Évora. Ella Fitzgerald e Billie Holiday também estão entre meus favoritos.
O jornalista
Carlos Calado viaja a Montreux
a convite da PolyGram e da EMI.
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