São Paulo, quinta, 9 de julho de 1998

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MONTREUX
Skye Edwards, vocalista da banda inglesa, fala à Folha sobre o processo de criação do grupo
Morcheeba leva seu trip-hop à Suíça

CARLOS CALADO
enviado especial a Montreux

Eles foram a atração mais disputada da noite "Electro Rock", que levou quase 2.000 pessoas à sala Miles Davis, anteontem, no Festival de Montreux.
A banda inglesa Morcheeba tem colhido elogios eufóricos, em especial após o lançamento de seu segundo CD, "Big Calm" (WEA), que mistura rock eletrônico, dance, soul e hip-hop.
Criado no fim de 94 pelos irmãos Paul (batidas, arranjos e letras) e Ross Godfrey (guitarra), o Morcheeba tem na voz suave e quase infantil da cantora Skye Edwards, 27, um de seus apelos mais fortes.
Quem a vê no palco, sensual e com um berrante tufo de cabelos alaranjados, mal pode imaginar que ela é uma tímida mãe de dois garotos. Leia a seguir trechos da entrevista que Skye concedeu à Folha, em Montreux.

Folha - Como você se envolveu com a música?
Skye Edwards -
Cresci ouvindo rádio, especialmente música pop britânica. Minha mãe costumava ouvir muita música "country". Cantei em coros quando era criança, mas nunca na igreja, só na escola, onde também aprendi a tocar um pouco de percussão. Na verdade, só de uns cinco anos para cá é que comecei a me envolver com esse tipo de música que fazemos.
Folha - Você aprova o rótulo de "trip-hop" que a mídia especializada tem dado ao som de vocês?
Skye -
Para ser sincera, não. Trip-hop pode até ser considerado um rótulo legal, mas não acho que nossa música se adapte a ele completamente. Quando estivemos na América do Norte, fomos tratados como música eletrônica, rótulo que nos colocou ao lado do Prodigy, por exemplo, que faz uma música totalmente diferente da nossa.
Folha - Então como você preferiria que a música do Morcheeba fosse chamada?
Skye -
Bem, é sempre difícil descrever a música com palavras. Talvez a chamaria de música folclórica moderna (risos). Ou, quem sabe, de funk-hop.
Folha - Como é que Paul, Ross e você compõem as canções do Morcheeba? Existe uma rotina?
Skye -
O mais comum é fazermos uma espécie de "jam": improvisamos, com Ross tocando violão ou piano. Ao mesmo tempo, Paul está sempre escrevendo coisas e quando ele acha que uma delas está quase pronta, nós ouvimos e damos palpites.
Folha - Ross já declarou que vocês gravaram o primeiro álbum do grupo sob o efeito de drogas. O som do Morcheeba seria diferente sem drogas?
Skye -
Antes de qualquer coisa, acho que o talento já está lá, não importa se você fuma ou toma alguma coisa. Não acho que isso altere alguma coisa.
Folha - Que tipo de música você gosta de ouvir em casa?
Skye -
Bem, depende do que estou fazendo. Quando estou cozinhando, por exemplo, gosto de ouvir Cesária Évora. Ella Fitzgerald e Billie Holiday também estão entre meus favoritos.


O jornalista Carlos Calado viaja a Montreux a convite da PolyGram e da EMI.



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