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RELÂMPAGOS
No Alto
JOÃO GILBERTO NOLL
Um quadro no cimo da escada retratando uma batalha
naval. Chama a atenção um
ferido, debruçado na borda
de uma embarcação. Ele
olha para o alto. Para o homem que galga os degraus,
isso sempre pareceu um ríctus viciado. As pupilas do
agonizante a procurar lá em
cima o que poderia estar
aqui em baixo, defronte, ao
lado, atrás. Por que sempre
no alto, nos estertores, nos
confins da luz, hein? Ele se
pergunta apagando a lanterna. Agora entraria em surdos passos no quarto. O que
teria de fazer precisaria apenas do escuro, nada mais.
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