São Paulo, Segunda-feira, 09 de Agosto de 1999
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Começa Gramado 99, versão curta e grossa



Com orçamento apertado, festival tem dois dias a menos e só nove filmes competindo
Divulgação
Beth Goulart, no curta "Dois Córregos", de Reichenbachm que tem pré-estréia em Gramado


JOSÉ GERALDO COUTO
enviado especial a Gramado

O 27º Festival de Gramado do Cinema Latino e Brasileiro, que começa hoje à noite e vai até o próximo sábado, será marcado pela austeridade.
Para conter custos, o evento sofreu um enxugamento: será dois dias mais curto do que o habitual e terá apenas nove longas-metragens em competição (em 98 foram 14).
Foram abolidas também as tradicionais festas de abertura e encerramento do festival.
O orçamento, em valores absolutos, é praticamente o mesmo do ano passado -pouco menos de R$ 1,5 milhão. Mas a inflação forçou o aperto do cinto.
Não haverá grandes estrelas internacionais (nos anos passados houve Faye Dunaway e Elliott Gould, entre outros), e o número de convidados globais diminuiu sensivelmente.
"A festa vai estar na tela, não na platéia", resume o coordenador técnico do evento, Hiron Goidanich, o Goida, ressalvando, entretanto, que a participação de filmes brasileiros foi pouco atingida pela contenção de custos.
No ano passado havia quatro longas-metragens nacionais em competição. Este ano há três: "Nós que Aqui Estamos por Vós Esperamos", de Marcelo Masagão, "Santo Forte", de Eduardo Coutinho, e "Por Trás do Pano", de Luiz Villaça.
Os concorrentes ditos "latinos" (na verdade, apenas ibéricos e hispano-americanos) caíram de dez para seis. Eles vêm de Portugal, Espanha, Argentina, Bolívia, Cuba e Venezuela.
Na competição dos curtas, que se restringe a produções brasileiras, o número de títulos até aumentou: são 14 filmes em 35 milímetros e 13 em 16 milímetros.
Além das produções em competição, o coordenador-geral do festival, Esdras Rubin, destaca as pré-estréias nacionais de dois longas-metragens brasileiros: "Mauá, o Imperador e o Rei", de Sérgio Rezende, e "Dois Córregos", de Carlos Reichenbach.
Este último foi programado para sexta-feira, mesmo dia em que será exibido no Festival de Locarno (Suíça).
As premières Gramado 99 exibirão também, fora de competição, "A Nuvem", de Fernando Solanas, "The Hi-Lo Country", de Stephen Frears, "A Vida Sonhada dos Anjos", de Erick Zonca, e "Tango", de Carlos Saura.

Documentário e animação
Entre os longas estrangeiros em competição, os que despertam maior expectativa são o argentino "Diario para un Cuento", de Jana Bokova, o espanhol "Los Amantes del Círculo Polar", de Julio Medem, e o cubano "La Vida Es Silbar", de Fernando Pérez.
O filme de Jana Bokova, programado para hoje, é uma adaptação do conto homônimo de Julio Cortázar, publicado no livro "Orientação dos Gatos".
Ele dividirá a noite com o documentário "Nós que Aqui Estamos por Vós Esperamos", de Marcelo Masagão, já premiado em Recife e no Festival É Tudo Verdade, de São Paulo.
O filme de Masagão, em cartaz em São Paulo, realiza, num "tour de force" de montagem, uma síntese crítica do século 20.
Outro concorrente brasileiro, o inédito "Santo Forte", de Eduardo Coutinho, programado para quarta, também é um documentário.
O tema do filme é o sincretismo religioso e seu foco, uma favela do Rio de Janeiro.
"Nunca tivemos preconceito contra o documentário", afirma Esdras Rubin. "Desde 1978, quando premiamos "Raoni", exibimos filmes como "Os Anos JK", "Jânio a 24 Quadros" e outros."
O terceiro concorrente brasileiro, o também inédito "Por Trás do Pano", de Luiz Villaça, é uma comédia dramática ambientada nos bastidores de uma montagem teatral de "Macbeth". No elenco estão Denise Fraga e Luís Mello, ambos com presença confirmada em Gramado.
Se nos longas nacionais predomina o documentário, nos curtas destaca-se a animação, gênero de 4 dos 14 concorrentes em 35 milímetros: "Deus É Pai", de Allan Sieber, "De Janela para o Cinema", de Quiá Rodrigues, "Amassa que Elas Gostam", de Fernando Coster, e "Cidade Fantasma", de Lisandro Santos.
O grande homenageado deste ano do festival será o produtor Luiz Carlos Barreto, que receberá o troféu Oscarito por sua carreira no cinema brasileiro.


O jornalista José Geraldo Couto viajou a convite da organização do Festival de Gramado do Cinema Latino e Brasileiro


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