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PINTURA
Frida Kahlo é atração
em exposição no Rio
CRISTINA GRILLO
da Sucursal do Rio
"Auto-Retrato com Macacos",
óleo sobre tela pintado pela artista
mexicana Frida Kahlo em 1943, é
uma das atrações de uma grande
mostra de pintura mexicana contemporânea que será aberta ao
público dia 18, no Paço Imperial
(centro do Rio).
Kahlo é uma
das preciosidades da coleção
do casal Jacques e Natasha
Gelman a partir dos anos 40,
considerada
uma das mais
completas coleções de arte
mexicana contemporânea.
O pintor e
muralista Diego Rivera, marido de Frida
Kahlo e um
dos mais conhecidos artistas mexicanos, também estará representado na exposição.
São dez telas -os grandes murais ficaram de fora-, entre eles
"Retrato da Senhora Natasha Gelman", de 1943, obra que deu início à coleção.
Entre os 73 trabalhos que ficarão expostos no Rio, até 19 de setembro, há ainda seis trabalhos de
outro importante artista mexicano, José Clemente Orozco, considerado uma figura primordial do
muralismo mexicano, e um de
Miguel Covarrubias -por coincidência, um retrato de Rivera.
Frida Kahlo e Diego Rivera formaram, nos anos 30, uma espécie
de casal-símbolo do chamado renascimento mexicano.
A partir de 1910, com a revolução liderada por Emiliano Zapata,
o México vivia um cenário de renovação cultural. Foi naquele
contexto que Rivera e Kahlo se
encontraram, no final dos anos
20.
Ele já era um nome respeitado
no meio cultural mexicano. Aos
44 anos, havia passado uma longa
temporada na Europa, conhecido
Picasso, Braque e Modigliani, flertado com o cubismo e se interessado pelos gigantescos afrescos
italianos do século 15, que o inspiraram a criar os murais.
Frida Kahlo era uma jovem artista pouco conhecida e que sofria
com as sequelas de um acidente
de ônibus que sofrera aos 18 anos,
quando seu corpo foi trespassado
por metais da carroceria.
Em 29, os dois se casaram -ele,
com 44, ela, com 22. Rivera incentivou a mulher a pintar.
Segundo críticos de arte, a influência de Rivera no trabalho de
Kahlo é bastante visível. Já a de
Kahlo sobre Rivera é mais sutil.
Sobre a mulher, Rivera escreveu: "Frida é um exemplo único
na história da arte de alguém que
abre seu peito e seu coração para
mostrar sua verdade biológica e
como se sente com isso".
Mas o grande elogio veio de Picasso. Na única carta de que se
tem notícia que escreveu para o
mexicano, Picasso afirma: "Nem
eu, nem Derain, nem você. Nenhum de nós consegue pintar
uma cabeça como Frida pinta".
Brigas, separações e acusações
de traição marcaram a vida do casal. Debilitada por seus eternos
problemas de saúde, Kahlo morreu em julho de 1954. Três anos
depois, morreu Rivera.
A "descoberta" de Kahlo e Rivera pelo mercado internacional
aconteceu a partir de 81, quando a
casa de leilões Christie's, de Londres, inaugurou seu departamento de arte latino-americana.
"Auto-Retrato na Fronteira entre México e Estados Unidos", de
Kahlo, é vendido por US$ 35 mil
(pouco mais de R$ 63 mil).
Catorze anos depois, em 95, um
trabalho de Kahlo bate o recorde
em leilões de obras latino-americanas. O colecionador argentino
Eduardo Costantini comprou,
por US$ 3,2 milhões (cerca de R$
5,8 milhões), a tela "Auto-Retrato
com Macaco e Papagaio".
Além da exposição, trechos de
textos escritos por Frida Kahlo serão encenados no Paço Imperial
durante a exposição.
O quê: Coleção Gelman de Arte
Mexicana
Quando: de 18 de agosto a 19 de
setembro
Onde: Paço Imperial (Praça 15, 48,
centro do Rio)
Quanto: entrada gratuita
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