São Paulo, Segunda-feira, 09 de Agosto de 1999
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VIDEO LANÇAMENTO
De volta ao Planeta dos Macacos, 31 anos depois

CLÁUDIO CASTILHO
especial para a Folha,
em Los Angeles

Em 8 de fevereiro de 1968, "O Planeta dos Macacos" estreou nos cinemas americanos para se tornar um clássico da ficção científica. Hoje, nos Estados Unidos, 31 anos depois, o remake do filme, produzido pela 20th Century Fox, está em pré-produção.
E quem faria o atlético e desiludido Taylor, um dos papéis mais famosos de Charlton Heston? Segundo o ator, seu voto vai para Arnold Schwarzenegger. No aniversário de lançamento do filme, Heston teve uma conversa exclusiva com a Folha, em Los Angeles.
Intérprete de personagens épicos, ele viu sua fama crescer em Hollywood com "O Maior Espetáculo da Terra" (1952), do cineasta Cecil B. De Mille, com quem também trabalhou no clássico "Os Dez Mandamentos" (1956), no papel de Moisés.
A atração por personagens heróicos foi uma constante na carreira do ator de 74 anos. Em 1959, Heston recebeu o Oscar de melhor ator pelo filme "Ben Hur".
No Brasil, está chegando às locadoras a versão remasterizada do clássico (leia crítica à esq.). A seguir, os principais trechos da entrevista:

Folha - Por que "O Planeta dos Macacos" ainda é um dos mais populares filmes de ficção em todo o mundo?
Charlton Heston -
Pelo fato de ser um filme muito bom e totalmente original, que revolucionou o gênero ficção científica, criando o que chamamos de ópera espacial. Fizemos "O Planeta dos Macacos" antes de outros clássicos, como "Guerra nas Estrelas" (1977), criando um novo estilo cinematográfico. É maravilhoso saber que, depois de 30 anos, esse filme está tão presente na vida de tantas pessoas. Para mim, a cena final, em que Taylor avista a estátua da Liberdade, é uma das mais impressionantes da história do cinema.

Folha - Como o projeto do filme surgiu em sua carreira?
Heston -
O produtor Arthur Jacobs foi o primeiro a me sondar sobre a idéia de fazer um filme baseado no romance de Pierre Boul-le. Na ocasião, não havia roteiro, apenas o texto original e uma série de ilustrações, mas fiquei fascinado. Nosso maior problema foi convencer os estúdios a bancar o projeto. Ninguém acreditava no sucesso de um filme repleto de macacos falantes.

Folha - "O Planeta dos Macacos" revolucionou a maquiagem de cinema. Esse foi um aspecto que preocupou a equipe?
Heston -
Foi uma de nossas grandes preocupações. Sabíamos que seria um filme revolucionário em diversos aspectos. As expectativas eram tão grandes quanto o medo do fracasso. Lembro que Jacobs e eu fomos a uma reunião com o presidente da Fox, Dick Zanuck, e ele confessou seu temor de as pessoas acharem graça da maquiagem. Para garantir um efeito realista, ele ofereceu US$ 50 mil para nossas pesquisas. Gravamos algumas cenas para teste, que foram exibidas em Nova York, e ninguém riu dos macacos nem da maquiagem. Foi quando Zanuck deu o sinal verde para o projeto. O filme foi o primeiro da história a ganhar um Oscar na categoria de melhor maquiagem.

Folha - Qual a importância de Taylor em sua carreira?
Heston -
Não foi um trabalho tão ousado e difícil como os personagens de Shakespeare que eu interpretei. Taylor é um personagem interessante, cansado de sua civilização, desiludido com os homens. Para fugir dessa realidade, deixa o planeta rumo ao espaço. Foi um papel inesquecível.

Folha - O senhor guardou objetos ou figurinos como lembrança das gravações?
Heston -
Fiquei com algumas espadas e armas. Quanto a roupas, eu não guardei porque quase não as usei no filme. Era verão na época das gravações, e meu corpo ficou todo bronzeado de tanto sol que tomei na praia de Zuma, em Malibu, onde rodamos a maior parte das cenas junto ao mar.

Folha - Como foram recebidas, na época, as cenas de nudez?
Heston -
Não lembro de comentários nesse sentido. Mas eu nunca tive receio de mostrar meu corpo no cinema ou no teatro. Você sabe que atores, em geral, não são pessoas muito modestas e cultivam uma vaidade um pouco acima da média (risos).

Folha - O senhor pensa em interpretar Taylor no remake que deverá ser lançado em 2001?
Heston -
De maneira alguma. Meu compromisso com o personagem terminou. Mas acho excelente a idéia do remake. Filmes bons, como "O Planeta dos Macacos", acabam sempre ganhando uma nova versão mais cedo ou mais tarde. Para mim, Arnold Schwarzenegger é o ator mais indicado para o papel de Taylor.

Folha - Como o senhor contribuiria para o filme?
Heston -
Eu poderia, no máximo, interpretar o doutor Zaius, que é um personagem interessante. Mas é uma possibilidade remota, que tem de ser discutida.



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