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VIDEO LANÇAMENTO
De volta ao Planeta dos Macacos, 31 anos depois
CLÁUDIO CASTILHO
especial para a Folha,
em Los Angeles
Em 8 de fevereiro de 1968, "O
Planeta dos Macacos" estreou
nos cinemas americanos para se
tornar um clássico da ficção científica. Hoje, nos Estados Unidos,
31 anos depois, o remake do filme, produzido pela 20th Century
Fox, está em pré-produção.
E quem faria o atlético e desiludido Taylor, um dos papéis mais
famosos de Charlton Heston? Segundo o ator, seu voto vai para
Arnold Schwarzenegger. No aniversário de lançamento do filme,
Heston teve uma conversa exclusiva com a Folha, em Los Angeles.
Intérprete de personagens épicos, ele viu sua fama crescer em
Hollywood com "O Maior Espetáculo da Terra" (1952), do cineasta Cecil B. De Mille, com
quem também trabalhou no clássico "Os Dez Mandamentos"
(1956), no papel de Moisés.
A atração por personagens heróicos foi uma constante na carreira do ator de 74 anos. Em 1959,
Heston recebeu o Oscar de melhor ator pelo filme "Ben Hur".
No Brasil, está chegando às locadoras a versão remasterizada
do clássico (leia crítica à esq.). A
seguir, os principais trechos da
entrevista:
Folha - Por que "O Planeta dos
Macacos" ainda é um dos mais
populares filmes de ficção em
todo o mundo?
Charlton Heston - Pelo fato de
ser um filme muito bom e totalmente original, que revolucionou
o gênero ficção científica, criando
o que chamamos de ópera espacial. Fizemos "O Planeta dos Macacos" antes de outros clássicos,
como "Guerra nas Estrelas"
(1977), criando um novo estilo cinematográfico. É maravilhoso saber que, depois de 30 anos, esse
filme está tão presente na vida de
tantas pessoas. Para mim, a cena
final, em que Taylor avista a estátua da Liberdade, é uma das mais
impressionantes da história do cinema.
Folha - Como o projeto do filme surgiu em sua carreira?
Heston - O produtor Arthur Jacobs foi o primeiro a me sondar
sobre a idéia de fazer um filme baseado no romance de Pierre Boul-le. Na ocasião, não havia roteiro,
apenas o texto original e uma série de ilustrações, mas fiquei fascinado. Nosso maior problema foi
convencer os estúdios a bancar o
projeto. Ninguém acreditava no
sucesso de um filme repleto de
macacos falantes.
Folha - "O Planeta dos Macacos" revolucionou a maquiagem
de cinema. Esse foi um aspecto
que preocupou a equipe?
Heston - Foi uma de nossas
grandes preocupações. Sabíamos
que seria um filme revolucionário
em diversos aspectos. As expectativas eram tão grandes quanto o
medo do fracasso. Lembro que Jacobs e eu fomos a uma reunião
com o presidente da Fox, Dick Zanuck, e ele confessou seu temor
de as pessoas acharem graça da
maquiagem. Para garantir um
efeito realista, ele ofereceu US$ 50
mil para nossas pesquisas. Gravamos algumas cenas para teste, que
foram exibidas em Nova York, e
ninguém riu dos macacos nem da
maquiagem. Foi quando Zanuck
deu o sinal verde para o projeto. O
filme foi o primeiro da história a
ganhar um Oscar na categoria de
melhor maquiagem.
Folha - Qual a importância de
Taylor em sua carreira?
Heston - Não foi um trabalho
tão ousado e difícil como os personagens de Shakespeare que eu
interpretei. Taylor é um personagem interessante, cansado de sua
civilização, desiludido com os homens. Para fugir dessa realidade,
deixa o planeta rumo ao espaço.
Foi um papel inesquecível.
Folha - O senhor guardou objetos ou figurinos como lembrança das gravações?
Heston - Fiquei com algumas
espadas e armas. Quanto a roupas, eu não guardei porque quase
não as usei no filme. Era verão na
época das gravações, e meu corpo
ficou todo bronzeado de tanto sol
que tomei na praia de Zuma, em
Malibu, onde rodamos a maior
parte das cenas junto ao mar.
Folha - Como foram recebidas,
na época, as cenas de nudez?
Heston - Não lembro de comentários nesse sentido. Mas eu
nunca tive receio de mostrar meu
corpo no cinema ou no teatro.
Você sabe que atores, em geral,
não são pessoas muito modestas e
cultivam uma vaidade um pouco
acima da média (risos).
Folha - O senhor pensa em interpretar Taylor no remake que
deverá ser lançado em 2001?
Heston - De maneira alguma.
Meu compromisso com o personagem terminou. Mas acho excelente a idéia do remake. Filmes
bons, como "O Planeta dos Macacos", acabam sempre ganhando
uma nova versão mais cedo ou
mais tarde. Para mim, Arnold
Schwarzenegger é o ator mais indicado para o papel de Taylor.
Folha - Como o senhor contribuiria para o filme?
Heston - Eu poderia, no máximo, interpretar o doutor Zaius,
que é um personagem interessante. Mas é uma possibilidade remota, que tem de ser discutida.
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