São Paulo, terça-feira, 09 de setembro de 2008

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Ting, ting

Com pop inspirado nos anos 60, dupla inglesa Ting Tings lança no Brasil seu disco de estréia, com hit que derrubou Madonna do topo das paradas britânicas

THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL

Foram várias tentativas para estourar. De boy bands melosas ao Portishead, tentaram copiar diversas referências. Até chegarem a uma fórmula bem conhecida, mas ainda irresistível: o pop dos anos 60. E aí nem Madonna parou o Ting Tings.
Canções que buscavam a melodia perfeita, com refrãos que não saem da cabeça e que embalavam os bailes da época.
Nos anos 60, grupos como Supremes, Ronettes e Shangri-Las recebiam a ajuda de produtores e compositores como Phil Spector e Gerry Goffin para criar hits certos para as rádios.
Os Ting Tings, aparentemente, não receberam a ajuda de produtores ou de compositores, mas assimilaram direitinho o bem-sucedido formato e emplacaram hits grudentos, como "Great DJ" e "That's Not My Name" -esta chegou ao topo da parada britânica em maio, tirando do posto "4 Minutes", da Madonna.
Os dois hits abrem o "We Started Nothing", disco de estréia da dupla inglesa, formada pela guitarrista e vocalista Katie White, 25, e pelo baterista Jules de Martino, 34. Lançado na Europa em maio, o álbum chega agora ao Brasil.
"Somos grandes fãs de boas canções, com boas melodias. E os anos 60 foram cheios de boas melodias", diz Martino (descendente de espanhóis), à Folha, por telefone.
"Estivemos em bandas antes e ficamos cansados de rock retrô, de pessoas se concentrando mais na atitude do que na música. Queremos que nossas canções façam com que as pessoas se sintam bem."
A banda teve início a partir de uma festa organizada pela dupla, que atuava como DJ, em Salford (Inglaterra), em 2006.
"Estávamos nos divertindo, com alguns amigos em volta. Fizemos uma dúzia dessas festas, que começaram a ficar populares e conhecidas em outras cidades da Inglaterra. Esse sentimento está no álbum; melodias alegres, com bons refrãos. Não foi nada ensaiado, não pensávamos em fazer um álbum de canções pop perfeitas. Apenas fomos ao estúdio e fizemos o que gostávamos. Não queríamos repetir os mesmos erros que cometemos em nossas bandas anteriores."
Foram alguns erros, mas já esquecidos -antes do Ting Tings, White e Martino integraram, entre outras bandas, a Dear Eskiimo, que até era uma das apostas da Mercury Records, mas músicos e gravadora não se entenderam, e a banda acabou após passar um bom tempo na geladeira.

Por acaso
"Tentávamos ser algo que não éramos. Íamos ao estúdio e não tocávamos o que sentíamos. Estávamos em um grupo [Dear Eskiimo] de música atmosférica, meio sombria. O processo estava todo errado. Não conseguimos trabalhar nem lançar nada por um ano, perdemos muitos amigos, eu e Katie fomos trabalhar num bar, a banda terminou. Foi um período difícil", lembra Martino.
O Ting Tings, segundo o músico, surgiu por acaso. "Formamos essa banda acidentalmente. Decidimos fazer uma festa para arrumar algum dinheiro. Algumas pessoas foram, depois outras mais, até que a festa estava sendo falada nos jornais e em rádios."
Nos sets, Martino e White começaram a intervir nas canções que tocavam. "Gostava de acompanhar uma música num pequeno kit de bateria. Aí a Katie passou a cantar junto. Fizemos duas canções nossas e costumávamos tocá-las ao vivo. Depois, vieram outras."
Essa dinâmica contribuiu para que o Ting Tings permanecesse como dupla. "Se tivéssemos chamado mais gente para a banda, talvez essa energia tivesse sido perdida."
As letras do Ting Tings possuem um certo frescor e frustração juvenis, expressos em títulos como "Shut Up and Let me Go" ou no delicioso hit "That's Not My Name", em que White se irrita ao ser chamada por nomes errados.
"Katie não tocava guitarra até fevereiro do ano passado...", diz Martino. "Quando começamos, ela sabia apenas dois acordes, nada mais. Ela decidiu tocar porque sentia que precisava fazer algum barulho para acompanhar a bateria, em vez de apenas cantar. Mas ela aprendeu rápido, encontrou uma energia e uma frustração que precisavam ser expressas. Acho que vem daí esse apelo jovem, adolescente."


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