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Ting, ting
Com pop inspirado nos anos 60, dupla inglesa Ting Tings lança no Brasil seu disco de estréia, com hit que derrubou Madonna do topo das paradas britânicas
THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL
Foram várias tentativas para
estourar. De boy bands melosas
ao Portishead, tentaram copiar
diversas referências. Até chegarem a uma fórmula bem conhecida, mas ainda irresistível: o
pop dos anos 60. E aí nem Madonna parou o Ting Tings.
Canções que buscavam a melodia perfeita, com refrãos que
não saem da cabeça e que embalavam os bailes da época.
Nos anos 60, grupos como
Supremes, Ronettes e Shangri-Las recebiam a ajuda de produtores e compositores como Phil
Spector e Gerry Goffin para
criar hits certos para as rádios.
Os Ting Tings, aparentemente, não receberam a ajuda de
produtores ou de compositores, mas assimilaram direitinho o bem-sucedido formato e
emplacaram hits grudentos,
como "Great DJ" e "That's Not
My Name" -esta chegou ao topo da parada britânica em
maio, tirando do posto "4 Minutes", da Madonna.
Os dois hits abrem o "We
Started Nothing", disco de estréia da dupla inglesa, formada
pela guitarrista e vocalista Katie White, 25, e pelo baterista
Jules de Martino, 34. Lançado
na Europa em maio, o álbum
chega agora ao Brasil.
"Somos grandes fãs de boas
canções, com boas melodias. E
os anos 60 foram cheios de boas
melodias", diz Martino (descendente de espanhóis), à Folha, por telefone.
"Estivemos em bandas antes
e ficamos cansados de rock retrô, de pessoas se concentrando mais na atitude do que na
música. Queremos que nossas
canções façam com que as pessoas se sintam bem."
A banda teve início a partir de
uma festa organizada pela dupla, que atuava como DJ, em
Salford (Inglaterra), em 2006.
"Estávamos nos divertindo,
com alguns amigos em volta.
Fizemos uma dúzia dessas festas, que começaram a ficar populares e conhecidas em outras
cidades da Inglaterra. Esse sentimento está no álbum; melodias alegres, com bons refrãos.
Não foi nada ensaiado, não
pensávamos em fazer um álbum de canções pop perfeitas.
Apenas fomos ao estúdio e fizemos o que gostávamos. Não
queríamos repetir os mesmos
erros que cometemos em nossas bandas anteriores."
Foram alguns erros, mas já
esquecidos -antes do Ting
Tings, White e Martino integraram, entre outras bandas, a
Dear Eskiimo, que até era uma
das apostas da Mercury Records, mas músicos e gravadora
não se entenderam, e a banda
acabou após passar um bom
tempo na geladeira.
Por acaso
"Tentávamos ser algo que
não éramos. Íamos ao estúdio e
não tocávamos o que sentíamos. Estávamos em um grupo
[Dear Eskiimo] de música atmosférica, meio sombria. O
processo estava todo errado.
Não conseguimos trabalhar
nem lançar nada por um ano,
perdemos muitos amigos, eu e
Katie fomos trabalhar num bar,
a banda terminou. Foi um período difícil", lembra Martino.
O Ting Tings, segundo o músico, surgiu por acaso. "Formamos essa banda acidentalmente. Decidimos fazer uma festa
para arrumar algum dinheiro.
Algumas pessoas foram, depois
outras mais, até que a festa estava sendo falada nos jornais e
em rádios."
Nos sets, Martino e White
começaram a intervir nas canções que tocavam. "Gostava de
acompanhar uma música num
pequeno kit de bateria. Aí a Katie passou a cantar junto. Fizemos duas canções nossas e costumávamos tocá-las ao vivo.
Depois, vieram outras."
Essa dinâmica contribuiu para que o Ting Tings permanecesse como dupla. "Se tivéssemos chamado mais gente para a
banda, talvez essa energia tivesse sido perdida."
As letras do Ting Tings possuem um certo frescor e frustração juvenis, expressos em títulos como "Shut Up and Let
me Go" ou no delicioso hit
"That's Not My Name", em que
White se irrita ao ser chamada
por nomes errados.
"Katie não tocava guitarra
até fevereiro do ano passado...",
diz Martino. "Quando começamos, ela sabia apenas dois acordes, nada mais. Ela decidiu tocar porque sentia que precisava
fazer algum barulho para
acompanhar a bateria, em vez
de apenas cantar. Mas ela
aprendeu rápido, encontrou
uma energia e uma frustração
que precisavam ser expressas.
Acho que vem daí esse apelo jovem, adolescente."
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