|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
crítica
Dupla dá golpe de mestre em CD grudento
JOSÉ FLÁVIO JÚNIOR
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A
falta de originalidade
do Ting Tings já virou
piada. A humorista
Katy Brand, que comanda um
programa de sucesso na TV inglesa, gravou recentemente
uma paródia de "That's Not My
Name", hit do grupo. No refrão,
Katy lista White Stripes, Goldfrapp, Peaches e Blondie e diz
que o Ting Tings copia o som e
o visual de todas essas bandas.
Não é maldade. "We Started
Nothing", o disco, remete a todas essas bandas. E a muitas
outras. Dá para achar tentativas de soar como o Cardigans
dos primórdios ("Traffic
Light"), Hot Chip ("Impacilla
Carpisung"), PJ Harvey (faixa-título) e até Cansei de Ser Sexy
("Be the One", "We Walk").
Isso é demérito? Seria maior,
se o nome do disco não afirmasse que o Ting Tings não começou nada. Esse aviso no CD é
importante para que se entre
na onda de Katie White e Jules
de Martino. Além de um atestado de despretensão, é uma indicação de que a banda está ciente das apropriações feitas.
O ouvinte pode, então, se deleitar com uma coleção de fórmulas de sucesso pop dos últimos tempos. Nesse mosaico de
referências, é possível encontrar várias músicas agradáveis
e/ou grudentas, a maioria com
vocação para a pista.
Há quem diga que o Ting
Tings é apenas uma música e
meia, considerando "Great DJ"
e a primeira parte de "That's
Not My Name", que não precisava se arrastar para além dos
cinco minutos. Talvez seja só
por elas que nos lembraremos
do grupo nos próximos verões.
Mas não dá para negar que Katie e Jules fizeram a lição de casa. Ouviram os discos certos
das bandas mais incensadas e
copiaram o que precisava ser
copiado, inclusive atentando
para detalhes que poucos pescariam. É golpe, mas de mestre.
WE STARTED NOTHING
Artista: The Ting Tings
Lançamento: Sony BMG
Quanto: R$ 25, em média
Avaliação: bom
Texto Anterior: Frase Próximo Texto: Enrique Diaz roda a Europa com Lispector Índice
|