São Paulo, quinta-feira, 09 de setembro de 2010

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Diretor retrata medos da sociedade contemporânea

Apesar de obras com temas sombrios, Kiyoshi Kurosawa diz ser otimista

"Não me encaixo em gêneros. Grande parte do que chamamos de gênero tem como base filmes dos EUA"

EDITOR-ASSISTENTE DA ILUSTRADA

Kiyoshi Kurosawa começou a dirigir filmes nos anos 1980. Abordou a máfia japonesa, além do gênero "pinku eiga" (similar às pornochanchadas), antes do sucesso internacional. O Indie 2010 exibirá 21 obras do diretor, que falou à Folha. Leia trechos a seguir. (BRUNO YUTAKA SAITO)

 

Folha - No Brasil, Yasujiro Ozu (1903-63), Akira Kurosawa (1910-98) e Kenji Mizoguchi (1898-1956) são referências quando o assunto é cinema japonês. Você se sente parte dessa tradição?
Kiyoshi Kurosawa - Há uma grande distância geracional entre eu e eles. São diretores que viveram em uma época feliz, quando seus filmes eram recebidos como um grande entretenimento para o público. Infelizmente, não conheço esses tempos. Mas não nego que fiquei tocado ao ver seus filmes.

Por que a morte é um tema constante em seus filmes?
A morte é o mais banal, mas o mais misterioso fenômeno de todos. Por isso, sou naturalmente interessado. O que acontece quando morremos? Essa simples questão é um tema universal. Me pergunto se o público ocidental pensa na vida após a morte.

Seus filmes costumam ter finais ambíguos. Você se considera pessimista ou realista?
Sou um otimista convicto, e isso explica por que a maioria de meus filmes termina com os heróis sobrevivendo e procurando um novo futuro, apesar das situações desesperadoras. Tenho interesse em pessoas que buscam superar obstáculos, como a solidão, e seguir em frente.

"Sonata de Tóquio" (sobre um pai de família que perde o emprego) é um filme mais tradicional, mas assustador. Foi intencional?
Claro que não se trata de um filme de terror. Mas é falsa a ideia de que as famílias comuns em Tóquio vivem sem nenhum tipo de medo. É impossível que as pessoas vivam sem uma sensação vaga de destruição ou morte.


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