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RELÂMPAGOS
Cercanias
JOÃO GILBERTO NOLL
Quando passava por aquele desenho no muro, eu disfarçava, me socorria. Até
que um dia não consegui me
desvencilhar de suas vorazes
artérias. Fiquei ali, sem sequência, restrito a incontáveis súbitos. Sob a crista já
gangrenada de minha própria guarda. Abriguei-me na
lanchonete do meu pai, fingindo estudar para as provas. Eu ouvia as conversas
dos conhecidos, tentando
esquecer a eletricidade maníaca do tal devaneio rupestre. Até que me internaram
no sanatório da Paz, ali.
Agora rondo pelas cercanias, para ver se consigo me
espiar.
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