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Peça de grupo de Natal traz o mar para o sertão
Lirismo, humor e música marcam estreia em SP
JOSÉ ORENSTEIN
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Uma trupe de clowns, com
suas histórias e instrumentos a
tiracolo, invade a cidade. Ela
vem de Natal, no Rio Grande do
Norte, e, ao pisar a cena, converte-se em trupe mambembe,
que revive o sertão e o mar.
Mesmo que de fato não haja
mar nem sertão no teatro do
Sesi, no bairro da Vila Leopoldina em São Paulo.
As duas trupes em questão
são os Clowns de Shakespeare,
grupo potiguar que comemora
15 anos de produção teatral cada vez mais reconhecida Brasil
afora, e a Tropega, Mas Não Escorrega, que na história de "O
Capitão e a Sereia" é abandonada pelo capitão Marinho, sertanejo que sonhava com o mar,
mesmo sem nunca tê-lo visto.
É essa história de Marinho,
contada em livro pelo escritor
pernambucano André Neves,
que serve de ponto de partida
para que a trupe de atores de
Natal invente o seu teatro, falando não do capitão, que partiu para finalmente conhecer o
mar, mas do grupo que ficou.
O espetáculo de "O Capitão e
a Sereia" se desenvolve então à
espera de Marinho, o protagonista ausente. Ora Clowns de
Shakespeare -grupo real-, ora
Tropega, Mas Não Escorrega
-grupo fictício-, os quatro
atores em cena alternam o comentário distanciado, brechtiano, com histórias sobre o
universo marinho.
Se as anedotas do mar emergem nas músicas, objetos de cena e fala dos atores, com referências que vão da cultura popular a "O Velho e o Mar", de
Hemingway, também a discussão sobre o fazer do teatro de
grupo transborda a toda hora.
"São tantos os grupos que se
perdem, em que alguém ouve o
canto da sereia da TV e da publicidade e se vai. Queremos falar daqueles que ficam", diz o
diretor Fernando Yamamoto.
Com a estreia dessa nova peça em São Paulo, os Clowns de
Shakespeare reafirmam sua
trajetória: "Temos a precariedade quase como condição, ainda mais pelo fato de sermos do
Nordeste. Mas não buscamos a
estética do chão rachado, do
chapéu de couro -brincamos
com isso", conta Yamamoto.
O CAPITÃO E A SEREIA
Quando: estreia hoje; qui. e sáb., às
20h; sex. às 16h e 20h, dom. às 19h
Onde: Centro Cultural Sesi Vila Leopoldina (r. Carlos Weber, 835; tel. 0/xx/
11/3833-1092); até 29/11
Quanto: entrada franca
Classificação: 14 anos
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