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Urubus saem da Bienal na madrugada
JULIANA VAZ
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Por ordem da justiça, os
três urubus-de-cabeça-amarela que faziam parte da obra
"Bandeira Branca", de Nuno
Ramos, em exposição na Bienal, foram retirados anteontem da mostra, por volta da
meia-noite.
Segundo William dos Anjos, 32, veterinário do parque
dos Falcões, as aves seriam
encaminhadas diretamente
para o aeroporto de Guarulhos e chegariam em Sergipe
por volta das 6h de ontem.
"Os animais estão tranquilos", conta dos Anjos. "Não
existia nada no relatório do
Ibama que falasse em maus
tratos. Foi mais uma questão
política".
Rômulo Fróes, assistente
de Nuno Ramos -que se encontra em viagem à Turquia
até a próxima segunda-feira- atribui as polêmicas ao
tamanho da Bienal. "No
CCBB de Brasíla, onde a obra
foi exposta antes, não teve
absolutamente nada."
Desde a última sexta-feira,
quando o Ibama de São Paulo deu um prazo de cinco dias
para que os animais fossem
devolvidos a seu local de origem, pairava a dúvida se elas
sairiam ou não.
A Fundação Bienal chegou
a entrar, na segunda-feira,
com uma ação na Justiça Federal solicitando a suspensão da notificação, mas o juiz
federal substituto Eurico Zecchin Maiolino, da 13ª Vara Cível Federal, não acatou o pedido da entidade, com a justificativa de que "mesmo após
a concessão de autorização,
o Poder Público está autorizado a intervir e rever o ato
administrativo diante da
constatação de qualquer irregularidade".
ÀS ESCURAS
Após o fechamento da exposição, às 22h de anteontem, o prédio foi evacuado.
Fróes chegou ao local pouco antes das 23h, com uma
equipe técnica.
Eles entraram na instalação para retirar as aves. Em
seguida, para evitar que os
animais ficassem estressados, todas as luzes foram
apagadas.
Os seguranças da Bienal
dificultavam a visão dos jornalistas e chegaram a acender lanterna na direção dos
olhos dos repórteres.
Mais tarde, os homens deixaram a porta dos fundos do
prédio e entraram em um carro segurando uma caixa coberta por um pano preto.
O responsável pela obra,
Nuno Ramos, diz estar ciente
da decisão judicial e afirma
que só comentará o fato
quando voltar ao Brasil.
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