São Paulo, sábado, 09 de outubro de 2010

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Urubus saem da Bienal na madrugada

JULIANA VAZ
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Por ordem da justiça, os três urubus-de-cabeça-amarela que faziam parte da obra "Bandeira Branca", de Nuno Ramos, em exposição na Bienal, foram retirados anteontem da mostra, por volta da meia-noite.
Segundo William dos Anjos, 32, veterinário do parque dos Falcões, as aves seriam encaminhadas diretamente para o aeroporto de Guarulhos e chegariam em Sergipe por volta das 6h de ontem.
"Os animais estão tranquilos", conta dos Anjos. "Não existia nada no relatório do Ibama que falasse em maus tratos. Foi mais uma questão política".
Rômulo Fróes, assistente de Nuno Ramos -que se encontra em viagem à Turquia até a próxima segunda-feira- atribui as polêmicas ao tamanho da Bienal. "No CCBB de Brasíla, onde a obra foi exposta antes, não teve absolutamente nada."
Desde a última sexta-feira, quando o Ibama de São Paulo deu um prazo de cinco dias para que os animais fossem devolvidos a seu local de origem, pairava a dúvida se elas sairiam ou não.
A Fundação Bienal chegou a entrar, na segunda-feira, com uma ação na Justiça Federal solicitando a suspensão da notificação, mas o juiz federal substituto Eurico Zecchin Maiolino, da 13ª Vara Cível Federal, não acatou o pedido da entidade, com a justificativa de que "mesmo após a concessão de autorização, o Poder Público está autorizado a intervir e rever o ato administrativo diante da constatação de qualquer irregularidade".

ÀS ESCURAS
Após o fechamento da exposição, às 22h de anteontem, o prédio foi evacuado.
Fróes chegou ao local pouco antes das 23h, com uma equipe técnica.
Eles entraram na instalação para retirar as aves. Em seguida, para evitar que os animais ficassem estressados, todas as luzes foram apagadas.
Os seguranças da Bienal dificultavam a visão dos jornalistas e chegaram a acender lanterna na direção dos olhos dos repórteres.
Mais tarde, os homens deixaram a porta dos fundos do prédio e entraram em um carro segurando uma caixa coberta por um pano preto.
O responsável pela obra, Nuno Ramos, diz estar ciente da decisão judicial e afirma que só comentará o fato quando voltar ao Brasil.


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