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ACONTECE NO RIO
Bocelli deixa o pop e faz concerto lírico
IRINEU FRANCO PERPÉTUO
especial para a Folha
Andrea Bocelli, o cantor romântico italiano que tenta se firmar como principal tenor lírico da nova
geração, faz neste sábado, no Rio, a
única apresentação brasileira de
sua turnê sul-americana.
Em uma época de carência generalizada de jovens tenores, Bocelli
surge como a salvação de sua gravadora, a PolyGram. O álbum "Time to Say Goodbye" vendeu 14 milhões de cópias no em 97, sendo superado apenas pelas Spice Girls.
Nascido em 1958, Bocelli ficou
cego aos 12 anos de idade, após levar uma bolada em um jogo de futebol. Formou-se advogado, embora, na época de estudante, já tocasse piano e cantasse em clubes.
O sucesso veio em 92, quando ele
gravou, em uma fita demo, uma
canção composta por Zucchero e
Bono Vox para Luciano Pavarotti.
Bocelli ainda traz no currículo
aulas com o tenor lírico italiano
Franco Corelli e está usando o sucesso pop para tentar deslanchar
sua carreira como cantor erudito.
"Aria", o primeiro disco dedicado
à ópera, foi lançado no ano passado -e impiedosamente malhado
pela crítica européia.
Conhecido no Brasil pela canção
"Vivo per Lei", que gravou em
dueto com a cantora Sandy, Bocelli
está tentando ampliar seu repertório de óperas completas feitas no
palco. Entre os próximos planos de
gravação, só música erudita: "Bohème" e um disco de árias sacras.
No Rio, ele canta um programa
de árias e duetos de óperas italianas, ao lado da desconhecida soprano italiana Paola Sanguinetti e
acompanhado por uma orquestra.
Folha - Você tem uma carreira
com duas vertentes: uma lírica e
uma pop. Como será sua apresentação no Brasil?
Andrea Bocelli - Será apenas lírica, porque este aspecto da careira
dupla, na verdade, é um achado
jornalístico. Creio ter apenas uma
carreira, a de cantor. Um cantor
empresta a voz à música que se casa melhor com a sua voz. Os tenores, ou seja, os cantores líricos de
todos os tempos, sempre cantaram
canções -ou seja música popular- e música operística.
Folha - Mas não há diferença na
técnica vocal entre os repertórios?
Bocelli - Técnica vocal eu só conheço uma. Assim, as minhas canções eu canto com uma linguagem
diversa, porque a linguagem da
musica popular é diferente e se distanciou da linguagem da música
dita "culta".
Folha - Você então quer ser visto
como um tenor lírico que, às vezes,
canta música popular.
Bocelli - Não, eu não quero nada.
Cada um pode achar o que quiser.
Obviamente, quem compra só
meus discos pop, porque não gosta
de ópera, dificilmente vai me considerar um tenor.
Mas você não planeja escolher
um caminho específico?
Bocelli - Eu escolhi um caminho
específico. E também de muita sorte, já que os resultados obtidos foram muito além do que eu poderia
esperar. Mas o meu caminho está
determinado. Não faço jamais
concertos de música popular. Eu
me limito a gravar discos deste gênero porque é divertido e porque a
música popular é um veículo importante para levar o público ao
teatro e tornar-se conhecido.
Hoje em dia, há uma queixa generalizada de falta de tenores no
mundo todo. Você concorda?
Bocelli - Não estou muito de
acordo, porque as vozes existem.
Não existem tenores conhecidos.
²
Concerto: Andrea Bocelli
Quando: amanhã, às 22h30
Onde: Metropolitan (av. Ayrton Senna,
3.000, Barra, tel. 021/421-1333)
Quanto: de R$ 45 a R$ 190.
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