São Paulo, sexta, 9 de outubro de 1998

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A marca do Zorro


Produção de Spielberg que estréia hoje no país, retoma o herói mascarado dos folhetins e dos seriados com Antonio Banderas e Anthony Hopkins


THALES DE MENEZES
da Reportagem Local

Apesar de dirigido pelo competente Martin Campbell (que assinou "Golden Eye", o último James Bond), "A Máscara do Zorro" traz todos os ingredientes tradicionais que marcam as aventuras feitas pela produtora do filme, a Amblin. Não por acaso, "Zorro" é o maior tributo aos seriados dos anos 30 e 40 que Hollywood produz desde a trilogia de Indiana Jones, de Steven Spielberg, o dono da Amblin.
Dizer que um filme de aventuras tem o estilo de Spielberg já é um elogio incondicional, mas "Zorro" merece mais. É uma produção rara, na qual todo mundo acertou a mão: diretor, roteirista, atores... Todos os esforços concluíram duas horas de diversão empolgante. E para qualquer idade.
Diante da tarefa de refilmar uma história tão familiar ao público, a produção resolveu avançar no tempo. O filme começa com um Zorro já veterano, interpretado por Anthony Hopkins, ainda às turras com Don Rafael Montero, o governador espanhol que barbariza a Alta Califórnia.
Montero descobre que Zorro é o senhor de terras Don Diego de La Vega e leva uma tropa para capturar o herói. O tirano mata a mulher de De La Vega, que vai para a prisão e vê sua filha Elena, ainda um bebê, ser levada por Montero.
Vinte anos depois, De La Vega foge da masmorra e encontra a região mais uma vez sob ameaça de Montero, que passou muitos anos na Espanha. O pior para De La Vega é saber que Elena ainda vive, acreditando ser filha de Montero.
Para a revanche com o homem que tirou dele tudo o que tinha de mais precioso, De La Vega encontra um ladrão andarilho, o arrogante Alejandro Murieta (Antonio Banderas). De La Vega convence o rapaz a aprender com ele os segredos para tornar-se o novo Zorro.
O longo aprendizado de Murieta, com ecos evidentes das relações Obi Wan Kenobi/Luke Skywalker e Batman/Robin, concentra algumas das sequências mais divertidas do filme.
Depois de algum tempo, Murieta está pronto para assumir o papel de Zorro, enfrentando os soldados de Montero, e o de um nobre recém-chegado da Espanha, que tenta ganhar a confiança do tirano para descobrir seus planos.
Como nobre, Murieta tenta seduzir Elena -sem saber que ela é filha de seu mentor. Como Zorro, ele enfrenta a moça em difíceis duelos, onde ela demonstra ter herdado o talento do pai.
Hopkins e Banderas tinham a missão de segurar o filme e fizeram isso com tranquilidade. Hopkins é daqueles raros atores que consegue emoção até lendo uma lista de compras. E Banderas encontrou um papel perfeito para seu charme debochado. O ator espanhol é divertido e dá credibilidade às acrobacias do herói mascarado.
A surpresa no elenco é a deslumbrante Catherine Zeta-Jones, uma atriz nascida no País de Gales, mas como um rosto totalmente latino. A química entre ela e Banderas é explosiva, garantindo alguma tensão sexual num filme que é diversão para toda a família.
Nos EUA, os críticos mais ranzinzas fizeram um só reparo à volta do Zorro: o filme é "previsível". Por que o mocinho ganha do bandido e fica com a mocinha? Que bobagem. Alguém que vá ver o filme do Zorro e achar que ele não vai vencer o vilão e ficar com a bonitona só pode estar delirando.
²
Filme: A Máscara do Zorro Produção: EUA, 1998 Direção: Martin Campbell Com: Antonio Banderas e Anthony Hopkins Quando: a partir de hoje no Interlar Aricanduva 6 e circuito


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