São Paulo, sexta, 9 de outubro de 1998

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ARTES PLÁSTICAS
Gravuras eletrônicas serão apresentadas em galeria e workshop em Melbourne, na Austrália
Jogo de Luiz Monforte conquista prêmio


especial para a Folha

O artista plástico Luiz Monforte embarca neste domingo para Melbourne, Austrália, onde fará um workshop sobre a tradição da gravura brasileira, a pedido do departamento de artes do Royal Melbourne Institute of Technology.
Paralelamente, Monforte inaugura na galeria "Viscon 9" - da mesma cidade- uma exposição coletiva, da qual participam também artistas convidados por ele, como Marcelo Leirner e Lucrécia Couso e os fotógrafos Cássio Vasconcelos e Denise Adams.
O artista garante que o convite veio antes de receber, em setembro, o grande prêmio da Trienal Internacional de Artes Gráficas de Praga, na República Tcheca.
Monforte era um dos representantes brasileiros escolhidos pela gravurista Maria Bonomi (que também fez parte do júri) e concorreu com mais de 700 trabalhos provenientes de 33 países.
A série apresentada na Trienal baseava-se em pesquisa sobre o jogo da amarelinha a partir do texto "Brinquedos e Brincadeiras", de Walter Benjamin. Segundo o teórico alemão, a gênese dos hábitos simbólicos provém dos jogos da infância. "Além disso, se verticalizarmos sua forma, o desenho lembra um totem, que tem como base a terra (realidade) e, no topo, o céu (imaginação)", explica.
Um dos trabalhos apresentados em Praga, "A Roda de Catarina", é um painel composto de 13 partes feitas em litografia (gravura cuja matriz é uma pedra), termografia (utiliza o calor para impressão), eletrografia (gravura feita com equipamento elétrico), impressão sobre goma arábica e imagens geradas por computador.
Em seguida, ele compõe as peças e escaneia o resultado com alta definição. "O disquete em que gravo o painel passa a ser a nova matriz."
Inspirado na história de santa Catarina de Alexandria, Monforte discute o conceito de casa num jogo alegórico repleto de possibilidades associativas.
Por causa do prêmio, Monforte apresentará seus trabalhos na Academia de Artes de Viena, em 1999, e voltará a Praga para uma exposição individual, no ano 2000.
No Brasil, Monforte só tem agendada a defesa de tese de doutorado, "Fotografia Pensante" (ou "Fazendo as Luzes das Lanternas Percorrer as Paredes e o Teto de Olduvai, Tanganica"), sob orientação do arquiteto Décio Pignatari, na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo.
Enquanto a tese não for publicada, há no mercado o último capítulo que originou o livro "Fotografia Pensante", lançado pela Editora Senac, no ano passado.



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