São Paulo, quinta-feira, 09 de novembro de 2000

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Museu além das salas

Cleo Velleda/Folha Imagem
Vista da loja do museu, instalada nas dependências do shopping Paulista



Estratégia de marketing faz MAM de São Paulo ocupar áreas em shoppings e espaço em empresa


FERNANDA CIRENZA
DA REPORTAGEM LOCAL

O MAM (Museu de Arte Moderna) de São Paulo foi aos shopping centers. Além do prédio no parque Ibirapuera, emprega seu nome no Paulista, Pátio Higienópolis e Villa-Lobos. Em nenhum paga aluguel. Para os shoppings, a presença do museu em suas dependências é tratada como estratégia de marketing.
Segundo Milú Villela, presidente do MAM, há a necessidade de mais espaço. "Temos mais de 3.400 obras e estávamos negando exposições por falta de área."
Alojado sob a marquise do parque, o MAM está em desacordo com o projeto de Oscar Niemeyer, que prevê o vão livre. Apesar disso, está autorizado por decreto da prefeitura a permanecer no local.
A instituição batalhou pela Oca, também no Ibirapuera, mas perdeu a disputa para o banqueiro Edemar Cid Ferreira, presidente da Associação Brasil + 500.
Pode ser que ocupe o prédio da Prodam (Companhia de Processamento de Dados do Município de São Paulo), no parque.
Segundo Milú, o processo está na prefeitura. De acordo com Ricardo Ohtake, secretário do Verde e Meio Ambiente, foi feita uma consulta para saber se o MAM aceitaria o prédio da Prodam. "Ninguém me deu retorno."
Como não há definição das áreas no parque, Milú e sua equipe foram à luta. No Paulista, o primeiro MAM fora do Ibirapuera, há só um quiosque com produtos que levam a marca do museu.
Segundo Ronaldo Bianchi, superintendente do museu, o quiosque gera um faturamento líquido de R$ 2.000 por mês. Luciane Lanção, superintendente do Paulista, afirmou que a presença do museu é uma via de mão dupla.
"Investimos em cultura sem cobrar pelo aluguel, e o MAM traz um fluxo de pessoas interessantes." Mas avisa: "Se começar a dar lucro, vamos voltar a conversar".
O preço do m2 para quiosques é R$ 1.100 por mês, para contratos temporários de três meses.
Depois do Paulista, foi a vez do Pátio Higienópolis. "Foi o shopping que nos convidou", disse Milú. Márcia Saad, superintendente do Higienópolis, confirma. "Os moradores do bairro queriam mais do que cinema e teatro."
O MAM Higienópolis funciona em um dos casarões construídos por Ramos de Azevedo (1851-1928), hoje restaurados. No sobrado, estão a loja (primeiro piso) e área de exposições e salas para cursos (piso superior).
As mostras fazem parte do projeto "Imagem Experimental", onde são apresentados trabalhos de jovens artistas -um de São Paulo e um de outro Estado.
Patrocinado pela Telesp Celular, o projeto prevê a seleção de artistas e obras pelo MAM, assim como a compra de um trabalho de cada expositor pela empresa.
Para Milú, foi criada uma política diferente de doação. "É um intercâmbio entre artistas novos", disse Tadeu Chiarelli, curador-chefe e responsável pelas mostras que levam a marca do museu.
Segundo Bianchi, esse espaço ainda não opera com lucro. "Investimos uns R$ 5.000 por mês."
A Telesp Celular, por meio de sua assessoria de imprensa, informou que não comentaria a parceria com o museu. Márcia não revelou os números nem o preço do m2 cobrado pelo shopping.
"Esses projetos deram uma força enorme ao acervo dos anos 90", afirmou Milú. Ela se refere também à parceria com a Nestlé, onde, na entrada da sede, na av. Eng. Luis Carlos Berrini, funciona um local de mostras.
O esquema com a empresa de alimentos é o mesmo feito com a Telesp Celular: o MAM seleciona artistas e obras, e a Nestlé patrocina a compra dos trabalhos para o acervo. Os expositores participam de oficinas com os funcionários. Segundo Francisco Garcia, gerente de relações institucionais da Nestlé, o acordo com o MAM faz parte de um projeto de relações internas da empresa.
O MAM também está no Villa-Lobos, onde ocupa duas salas -loja e espaço expositivo com obras do acervo. Bianchi afirmou que é muito cedo para avaliar o potencial comercial do espaço. Marcelo Araripe, diretor de comunicação da Egec, empresa administradora do shopping, disse que a carência de seis meses pela ocupação gratuita está acabando. "Vamos cobrar pelas duas salas. Mas não posso revelar quanto."


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