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São Paulo, domingo, 09 de novembro de 2003

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MÔNICA BERGAMO

Ana Ottoni/Folha Imagem
A suíte do Gran Meliá Mofarrej já recebeu hóspedes como o ex-presidente americano Bill Clinton, que só fez o check in depois de instalada uma parede de aço em seu quarto


Chão de estrelas

Durma-se com preços como estes: uma noite nas suítes presidenciais de alguns dos mais elegantes hotéis de São Paulo podem custar, para o feliz cliente que puder pagar, de R$ 6.000 a R$ 16 mil. Isso mesmo: uma única noite, um carro popular. Dez noites, um apartamento de dois quartos destinado à classe média.

E quem se dá ao luxo? No Hilton Morumbi, onde a diária custa US$ 5.000 (R$ 14 mil), a suíte só é ocupada durante a metade do ano. O hotel, inaugurado em 2002, levou dois anos para ser construído -seis meses foram dedicados só à suíte presidencial, tempo necessário para que chegassem da Europa o mármore carrara do banheiro e os tapetes da Itália e da Holanda.
 

No Gran Meliá Mofarrej, a suíte recebe hóspedes em dez de cada 30 dias -por uma diária de R$ 12 mil, as pessoas podem usufruir de 750 m2 (é a maior da América Latina) em 12 ambientes como cozinha, três quartos com banheiro, sauna, salas de reuniões, de jantar e de estar.
 

O ex-presidente argentino Carlos Menem já se deliciou no Mofarrej -e, como não estava em visita oficial, pagou tudo do próprio bolso, informa o hotel. Em 1999, no Brasil, Menem não quis perder um jogo do time argentino Boca Juniors. Ele se instalou na suíte para ver a partida na TV de 64 polegadas. Fim de jogo, Menem foi embora depois de pagar meia diária -o equivalente, hoje, a R$ 6.000.
 

Quando Bill Clinton se hospedou lá, o consulado americano enviou ao hotel um revestimento de aço para cobrir as janelas de seu quarto. O custo da instalação, cobrado do governo americano, foi de US$ 10 mil. Em 1993, Michael Jackson pediu barracas de índio na suíte porque queria brincar com crianças que acompanhavam sua turnê.

Celebridades não se importam de ser associadas às mordomias das suítes presidenciais. Já homens de negócios preferem o anonimato. Na suíte presidencial do Grand Hyatt (diária de R$ 7.000), vive um executivo de multinacional. Como ele mora lá desde julho, o hotel fixou a diária em R$ 5.000 -ou R$ 900 mil até o fim do ano.
 

Na presidencial do Hyatt já ficaram Gisele Bündchen e Xuxa. Encontraram confortos como 70 toalhas de mão e de rosto, uma caixa de trufas e vinho tinto. No Unique, o hóspede da presidencial, que paga R$ 6.000 por dia, é brindado com uma garrafa de Moët & Chandon e doces preparados por Emmanuel Bassoleil, chef do hotel. No Gran Meliá WTC, onde o presidente Lula se hospedou no dia da eleição, em 2002 [ver quadro], os brindes variam. No primeiro dia é uma bandeja com frutas tropicais. Depois, trufas. No terceiro dia, champanhe. Nas suítes presidenciais os bares são liberados, com até 20 tipos de bebidas -de Pirassununga 51 a uísque Black Label.
 

Clientes com status presidencial não devem ser contrariados. Lilian Franco, gerente do Renaissance, revirou a cidade atrás de cajás, fruta que a cantora colombiana Shakira queria provar. Um hóspede que reservou a presidencial do Unique para o Dia dos Namorados pediu que fossem colocadas pétalas por todo o quarto e, no minibar, garrafas de Veuve Clicquot. Gastou R$ 10 mil.

"As presidenciais são o cartão de visitas dos hotéis", explica o presidente da Associação Brasileira da Indústria Hoteleira, Nelson Baeta, tocando num tema tabu: "Se Madonna ou Gisele querem ficar numa delas, é bem provável que nem paguem, pois trazem mídia", diz.
 

Trazem também boas gorjetas. Débora Rodrigues, "guest relations", ou uma espécie de babá dos hóspedes do Unique, conta que uma árabe milionária lhe deu, em setembro, US$ 500 ao deixar o hotel. "Já cheguei a ganhar US$ 1.000", diz. Há exceções. A bilionária Athina Onassis, por exemplo (que ficou numa suíte executiva, e não na presidencial), foi embora sem deixar um único centavo.


@ - bergamo@folhasp.com.br
COM CLEO GUIMARÃES E ALVARO LEME


TESTEMUNHA OCULAR

A suíte de Lula e Marisa

Poucos brasileiros tiveram a chance de estar ao lado de Lula no dia em que ele foi eleito presidente. O garçom Fábio Gonçalo foi um deles: ele servia a suíte presidencial em que a comitiva petista assistiu ao anúncio da vitória nas eleições. Lá estavam Antonio Palocci Filho, José Dirceu e Marisa.

 

A diária da suíte, de R$ 6.000, corresponde a nove meses de salário de Fábio, que ganha R$ 740. Nela há luxos como um menu com 11 tipos de travesseiros (de espuma ortopédica ou compacta, de alfazema, de látex natural, de plumas de ganso e até um de ondas magnéticas e infravermelhas que "aliviam a cabeça, os ombros e a região cervical"). O casal presidencial chegou à suíte de helicóptero. Lula almoçou robalo. Marisa, bacalhau. No dia seguinte, acordaram às 6h, tomaram café da manhã e saíram. Logo depois vieram os filhos do casal, que estavam hospedados em quartos normais e deram conta do que sobrou do café da manhã dos pais: queijos brie, de minas, suíço e mussarela, presunto parma, pães e suco de laranja.



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