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DANÇA
"Muito Romântico" foi mais aplaudido na Europa do que em São Paulo e no Rio, diz a coreógrafa Susana Yamauchi
Espetáculo evoca o lado do ciúme nas músicas do Rei
DA REDAÇÃO
"É muito difícil não cair no clichê ao dançar músicas românticas, como as de Roberto Carlos."
Tem razão Susana Yamauchi,
umas das coreógrafas de "Muito
Romântico". Mas, é na movimentação extremamente simplificada
que reside uma das fortes marcas
do balé. "Nós evocamos o lado do
ciúme, do quebra-pau, da rejeição", conta Yamauchi.
O parceiro nas linhas do movimento, João Maurício, fala que os
dois sempre gostaram das músicas do Rei. "Nós admiramos muito o trabalho dele, principalmente
a fase romântica. Ele é uma figura
que permeia muitas gerações e
marca o perfil do brasileiro romântico", diz Maurício.
Para dirigir a parte teatral do espetáculo, a dupla convidou Naum
Alves de Souza, que ajudou a
compor o que já existia, no caso a
coreografia, com a ambientação
cênica e as interpretações. "Ele
veio para complementar a direção", que virou um pas-de-troix
(dança a três).
Os diretores jamais imaginaram
que "Muito Romântico" fosse ter
vida longa. Foi feito para a temporada no Sesi. João Maurício acha
que o fato de ser um espetáculo
acessível, "nada de papo cabeça",
diz, encanta os espectadores.
Os dois bailarinos dizem que os
alemães às vezes pedem para que
os bailarinos traduzam as músicas. "É tão difícil, né? Imagine,
cantar "Negro Gato" em alemão?",
brinca Yamauchi.
"Muito Romântico" é o tipo de
musical que costuma envolver a
platéia pela alegria. "Mas mesmo
em São Paulo ou no Rio de Janeiro, nós nunca fomos tão aplaudidos como na Europa. A resposta é
muito entusiasmada. Eles adoram", fala Yamauchi, que diz estudar convites para a apresentação do balé na Austrália.
Quem são?
A bailarina e coreógrafa Susana
Yamauchi, 47, tem formação clássica e moderna. Estudou com Alvin Ailey, Merce Cunningham,
entre outros mestres. Integrou o
elenco de companhias paulistanas como o Ballet Stagium e o Balé da Cidade de São Paulo (BCSP).
É criadora de mais de 25 coreografias. Atualmente, trabalha como professora no Espaço Cênico
Viga, em São Paulo, na FIU (Florida International University), na
Flórida, e na New World School of
Arts, em Miami.
João Maurício é bailarino e graduou-se em educação física pela
USP (Universidade de São Paulo).
Integrou o elenco do BCSP e foi
solista da Paul Taylor Dance
Company durante dez anos.
Atualmente vive em Nova York,
dá aulas de história da dança e é
professor convidado de diversas
companhias norte-americanas.
Pelo visto, o romantismo dançante do rei fica além dos detalhes, e tem passe livre no mundo.
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