|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Leda Catunda expõe pinturas-objeto
Artista mostra oito trabalhos inéditos na galeria Fortes Vilaça; técnica cria entrelaçados de tinta, tecido e fotografia
"Meus trabalhos têm formas modernas, meio anos 60, mas o trabalho que aplico sobre elas é contemporâneo", diz Leda
GABRIELA LONGMAN
DA REPORTAGEM LOCAL
É pintura ou não é pintura?
Embora sejam bidimensionais
e permeados por tinta, os novos
trabalhos de Leda Catunda passam longe das telas. São pinturas-objeto, como ela mesma os
define, e misturam tecidos estampados, tintas e impressões
fotográficas, em superfícies entrelaçadas.
São oito exemplares inéditos
desses objetos que Leda exibe a
partir de hoje, em individual na
galeria Fortes Vilaça -ela não
expunha na cidade havia dois
anos. Ocupando as paredes do
primeiro piso, oito trabalhos
em grandes dimensões apresentam formas leves e arredondadas. São parte da busca da artista paulistana pelo que denomina "poética da maciez", tema
de seu doutorado em 2003.
"Existe, de fato, uma busca
pelo arredondado, pelo suave,
com gomos e formas escorridas", disse a artista, em entrevista à Folha.
Sobre essas formas leves, porém, intercalam-se cores, estampas, texturas, fazendo com
que o espectador leve certo
tempo para perceber/distinguir todos os elementos.
"Meus trabalhos têm um raciocínio de colagem, por conta
desta misturas de elementos. A
forma é moderna, meio anos
60. Mas o que faço sobre ela é
contemporâneo", explica.
Nesse processo "contemporâneo" de criação, vem primeiro a idealização das formas em
aquarela, seguida de sua transposição para lona e para tamanho maior. A escolha das estampas fica por último.
Imagem
Entre as obras expostas, está
"Todo o Pessoal", pintura-objeto de 3,33 m x 2,47 m repleta de
retratos em preto-e-branco.
"Acho interessante como a
sociedade desenvolveu uma fixação pela imagem. Sempre
que vêem a obra, as pessoas me
perguntam de quem são, afinal,
os retratos? Há tamanho interesse que algumas revistas são
inteiras feitas assim: com fotos
de gente sorrindo."
Em superfícies recortadas, as
imagens surgem intercaladas
com com estampas coloridas
-palmeiras tropicais e um casario carioca do século 19.
"Ao colocar tecidos estampados, sinto que estou incorporando desenhos de outras pessoas ao meu próprio trabalho."
Outros cantos
Além da mostra na Fortes Vilaça, obras anteriores de Leda
podem ser vistas nas exposições "MAM na Oca" e "Paralela
2006". Atualmente, a artista
seleciona as obras que levará
para a galeria Bagnai, em Florença, onde se prepara para expor em outubro de 2007. Para
2008, a artista tem marcada
uma retrospectiva na Pinacoteca do Estado.
LEDA CATUNDA E PAULO NENFLÍDIO
Quando: abertura hoje, das 20h às
23h; de ter. a sex., das 10h às 19h;
sáb., das 10h às 17h; até 8/12
Onde: r. Fradique Coutinho, 1.500,
tel. 0/xx/11/3032-7066
Quanto: entrada franca
Texto Anterior: Erudito: Nelson Freire toca 50 anos de carreira Próximo Texto: Nenflídio faz obra sonora Índice
|