São Paulo, quinta-feira, 09 de novembro de 2006

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Leda Catunda expõe pinturas-objeto

Artista mostra oito trabalhos inéditos na galeria Fortes Vilaça; técnica cria entrelaçados de tinta, tecido e fotografia

"Meus trabalhos têm formas modernas, meio anos 60, mas o trabalho que aplico sobre elas é contemporâneo", diz Leda


GABRIELA LONGMAN
DA REPORTAGEM LOCAL

É pintura ou não é pintura?
Embora sejam bidimensionais e permeados por tinta, os novos trabalhos de Leda Catunda passam longe das telas. São pinturas-objeto, como ela mesma os define, e misturam tecidos estampados, tintas e impressões fotográficas, em superfícies entrelaçadas.
São oito exemplares inéditos desses objetos que Leda exibe a partir de hoje, em individual na galeria Fortes Vilaça -ela não expunha na cidade havia dois anos. Ocupando as paredes do primeiro piso, oito trabalhos em grandes dimensões apresentam formas leves e arredondadas. São parte da busca da artista paulistana pelo que denomina "poética da maciez", tema de seu doutorado em 2003.
"Existe, de fato, uma busca pelo arredondado, pelo suave, com gomos e formas escorridas", disse a artista, em entrevista à Folha. Sobre essas formas leves, porém, intercalam-se cores, estampas, texturas, fazendo com que o espectador leve certo tempo para perceber/distinguir todos os elementos. "Meus trabalhos têm um raciocínio de colagem, por conta desta misturas de elementos. A forma é moderna, meio anos 60. Mas o que faço sobre ela é contemporâneo", explica.
Nesse processo "contemporâneo" de criação, vem primeiro a idealização das formas em aquarela, seguida de sua transposição para lona e para tamanho maior. A escolha das estampas fica por último.

Imagem
Entre as obras expostas, está "Todo o Pessoal", pintura-objeto de 3,33 m x 2,47 m repleta de retratos em preto-e-branco.
"Acho interessante como a sociedade desenvolveu uma fixação pela imagem. Sempre que vêem a obra, as pessoas me perguntam de quem são, afinal, os retratos? Há tamanho interesse que algumas revistas são inteiras feitas assim: com fotos de gente sorrindo."
Em superfícies recortadas, as imagens surgem intercaladas com com estampas coloridas -palmeiras tropicais e um casario carioca do século 19. "Ao colocar tecidos estampados, sinto que estou incorporando desenhos de outras pessoas ao meu próprio trabalho."

Outros cantos
Além da mostra na Fortes Vilaça, obras anteriores de Leda podem ser vistas nas exposições "MAM na Oca" e "Paralela 2006". Atualmente, a artista seleciona as obras que levará para a galeria Bagnai, em Florença, onde se prepara para expor em outubro de 2007. Para 2008, a artista tem marcada uma retrospectiva na Pinacoteca do Estado.


LEDA CATUNDA E PAULO NENFLÍDIO
Quando:
abertura hoje, das 20h às 23h; de ter. a sex., das 10h às 19h; sáb., das 10h às 17h; até 8/12
Onde: r. Fradique Coutinho, 1.500, tel. 0/xx/11/3032-7066
Quanto: entrada franca


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