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Público da Bienal deve ficar em 553 mil
Com média de 260 mil pessoas até a última quinta-feira, evento terá 45% menos visitantes do que o esperado
Dificuldades para transportar alunos enfrentadas pelo programa educativo ajudam a explicar dado
Adriano Vizoni/Folhapress
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Público visita a Bienal durante a manhã da última sexta-feira
FABIO CYPRIANO
DE SÃO PAULO
Heitor Martins, o presidente da Fundação Bienal de São
Paulo, apresenta hoje, em
uma reunião do Conselho, o
primeiro balanço negativo de
sua gestão -que superou os
principais problemas que a
Bienal atravessava até o ano
passado, como o descrédito
internacional e nacional ou a
incapacidade de conseguir
recursos para a instituição.
A mostra em cartaz em São
Paulo não está tendo o público esperado e, se mantiver a
média, deve chegar a 553 mil
visitantes, quase 45% menos
do que o anunciado.
Até quinta passada, cerca
de 260 mil pessoas tinham
passado pelas catracas do
pavilhão da Bienal. Outras
40 mil entraram por fora, como professores inseridos no
programa educativo ou convidados dos patrocinadores
da mostra, o que chega a 300
mil visitantes.
Assim, em 45 dias, a mostra conseguiu atrair uma média diária de 6,6 mil visitantes.
Projetando-se esse valor para
os dias que ainda faltam até o
fim da mostra, o total chegaria a 553 mil visitantes.
"Um milhão é um valor
inspiracional, ele representa
o desejo de que a mostra seja
voltada para o público", afirma Martins, que tampouco
se diz frustrado com a frequência -a propósito, bem
próxima das de outras edições.
TRANSPORTE ESCOLAR
Um dos fatores que estão
derrubando a meta estabelecida é o programa educativo
do evento, que objetivava levar à Bienal 400 mil alunos e,
segundo nova previsão de
Martins, deve chegar à metade: 200 mil.
"A gente não calculava
que seria tão difícil conseguir
o transporte para tanto aluno, é um problema operacional, de falta de ônibus disponíveis na cidade", explica
Stella Barbieri, curadora do
projeto educativo da Bienal.
"Isso é um aprendizado,
não é má vontade de ninguém. Trazer tanto aluno não
é simples, mas isso pode ser
melhorado ao longo dos
anos", conta Martins.
Parte essencial desse programa são as secretarias estadual e municipal de Educação. A primeira tinha por meta levar 30 mil alunos ao
evento. Até o momento, segundo sua assessoria de imprensa, 38 mil estudantes
participaram do programa,
com transporte e lanche incluídos. Já a Secretaria Municipal agendou 68 mil visitas,
número pouco abaixo do esperado.
Por outro lado, o programa
educativo superou o atendimento aos professores: de 20
mil esperados, foram atendidos entre 30 e 35 mil, segundo Barbieri.
"O professor nunca foi tão
respeitado como nessa Bienal e, por isso, não me incomodo com o fato de os números nas catracas não serem os
esperados. Através dos professores, a Bienal se estende
a muitos alunos que têm feito
um trabalho incrível, mesmo
que sem ver a mostra", afirma Agnaldo Farias, um dos
curadores.
Para ele, que se encontra
em Chicago e falou por telefone com a Folha, houve um
"certo otimismo" na previsão
de um milhão, "pautado pelos números das edições anteriores", mas a visitação
dessas edições, duas das
quais ele participou (1996 e
2002), pode ser questionada:
"Não se sabe até que ponto se
pode confiar naqueles números", diz o curador.
COMPARAÇÕES
Contudo, mesmo que fique com 553 mil visitantes, se
comparada a outras mostras
internacionais com o mesmo
caráter a Bienal de São Paulo
não faz feio.
Ela ainda irá superar a centenária Bienal de Veneza,
que em sua 53ª edição, no
ano passado, alcançou seu
recorde com 375 mil visitantes, ficando em cartaz por
quase cinco meses.
Em outra comparação possível, com a Documenta, de
Kassel, ela perde bastante.
Em 2007, o evento alemão
chegou a 754 mil visitantes.
Mas, afinal, a Documenta
ocorre apenas a cada cinco
anos, fica no centro da Europa e é considerada a mais importante do gênero.
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