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Selo lança no país CDs ignorados por gravadoras
Lab 344 coloca nas lojas discos de gente como Sonic Youth e Belle & Sebastian
Criada em 2005, a empresa licencia álbuns de artistas brasileiros no exterior, como "Sweet Lady Jane", de Jane Duboc, e investe em novelas
DA REPORTAGEM LOCAL
Alguém ainda acredita em
CD? Sergio Martins, proprietário do pequeno selo carioca Lab
344, sim. Por isso, ele está colocando nas lojas brasileiras discos de Belle & Sebastian e de
Cat Power lançados lá fora em
2008 e um álbum do Sonic
Youth que saiu no exterior no
primeiro semestre deste ano.
A Lab 344 encontrou um nicho pouco explorado que a ajuda a caminhar com desenvoltura pelo esburacado mercado fonográfico do Brasil.
Criado por Martins em 2005,
o selo especializou-se em licenciar artistas brasileiros para o
exterior. A maioria das gravadoras do país não possui os conhecimentos necessários para
comercializar seus artistas fora
do Brasil. "Tinha contratos
com gravadoras como Deckdisc
e Som Livre e lançava artistas
deles na Europa e no Japão",
afirma. Exemplos: "Bossa 'n
Beatles", de Rita Lee, e "Sweet
Lady Jane", de Jane Duboc.
"Oferecemos um serviço que
é muito carente no Brasil. O
trabalho dos selos lá fora ainda
é muito tímido", aponta.
Engenheiro elétrico formado
na Universidade do Estado do
Rio (UERJ), Martins, 36, trabalhava como funcionário da United Airlines no aeroporto do
Galeão quando aconteceu o 11
de Setembro. Dias depois, ele
entrou em um programa de demissão voluntária da companhia americana.
Por pouco mais de um ano,
trabalhou em um selo do Rio,
fazendo contatos com gravadoras estrangeiras. Então decidiu
montar negócio próprio.
"Eu comecei no meio da crise
[da indústria fonográfica], não
conheci os tempos áureos dos
anos 1990, que as pessoas tanto
comentam", diz. "Nesse cenário, as alternativas para gerar
receitas são licenciamentos."
Além de licenciar discos com
selos daqui para lançamentos
no exterior, a Lab 344 produz
coletâneas. Como a "Chanson
Bossa", lançada na França. O
selo contratou uma cantora
(Valéria Sattamini), músicos e
estúdio e fez uma seleção de
canções brasileiras (como
"Águas de Março") para serem
interpretadas em francês, com
arranjos à francesa.
A partir de uma parceria com
a Som Livre, o selo consegue inserir artistas desconhecidos em
trilha de novelas -um dos
principais meios de popularização de músicos. Um deles é
Tiago Iorc, cuja faixa "My Girl"
está na trilha de "Viver a Vida".
Outra música de Iorc, "Nothing
but a Song", foi licenciada para
a japonesa JVC e a faixa chegou
ao top 10 da parada do Japão.
Gringos
Há alguns meses, a Lab 344
trilha o caminho inverso: trazendo para o Brasil álbuns que
não conseguem distribuição
por aqui. Por exemplo, "The
Greatest Hits", CD e DVD do
Simply Red, que saiu independente na Europa, e "Foot of the
Mountain", o mais recente do
A-Ha, que no exterior foi distribuído pela Universal.
Neste mês, chegam "Jukebox", da Cat Power, "BBC Sessions", 14 faixas tocadas nos estúdios da rádio britânica pelos
escoceses Belle & Sebastian, e
"The Eternal", do Sonic Youth.
"Vendo pouco CD, mas esse
pouco satisfaz. Se comercializo
5.000 cópias, consigo fechar a
conta", afirma Martins.
(THIAGO NEY)
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