São Paulo, quarta-feira, 09 de dezembro de 2009

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Selo lança no país CDs ignorados por gravadoras

Lab 344 coloca nas lojas discos de gente como Sonic Youth e Belle & Sebastian

Criada em 2005, a empresa licencia álbuns de artistas brasileiros no exterior, como "Sweet Lady Jane", de Jane Duboc, e investe em novelas


DA REPORTAGEM LOCAL

Alguém ainda acredita em CD? Sergio Martins, proprietário do pequeno selo carioca Lab 344, sim. Por isso, ele está colocando nas lojas brasileiras discos de Belle & Sebastian e de Cat Power lançados lá fora em 2008 e um álbum do Sonic Youth que saiu no exterior no primeiro semestre deste ano.
A Lab 344 encontrou um nicho pouco explorado que a ajuda a caminhar com desenvoltura pelo esburacado mercado fonográfico do Brasil.
Criado por Martins em 2005, o selo especializou-se em licenciar artistas brasileiros para o exterior. A maioria das gravadoras do país não possui os conhecimentos necessários para comercializar seus artistas fora do Brasil. "Tinha contratos com gravadoras como Deckdisc e Som Livre e lançava artistas deles na Europa e no Japão", afirma. Exemplos: "Bossa 'n Beatles", de Rita Lee, e "Sweet Lady Jane", de Jane Duboc.
"Oferecemos um serviço que é muito carente no Brasil. O trabalho dos selos lá fora ainda é muito tímido", aponta.
Engenheiro elétrico formado na Universidade do Estado do Rio (UERJ), Martins, 36, trabalhava como funcionário da United Airlines no aeroporto do Galeão quando aconteceu o 11 de Setembro. Dias depois, ele entrou em um programa de demissão voluntária da companhia americana.
Por pouco mais de um ano, trabalhou em um selo do Rio, fazendo contatos com gravadoras estrangeiras. Então decidiu montar negócio próprio.
"Eu comecei no meio da crise [da indústria fonográfica], não conheci os tempos áureos dos anos 1990, que as pessoas tanto comentam", diz. "Nesse cenário, as alternativas para gerar receitas são licenciamentos."
Além de licenciar discos com selos daqui para lançamentos no exterior, a Lab 344 produz coletâneas. Como a "Chanson Bossa", lançada na França. O selo contratou uma cantora (Valéria Sattamini), músicos e estúdio e fez uma seleção de canções brasileiras (como "Águas de Março") para serem interpretadas em francês, com arranjos à francesa.
A partir de uma parceria com a Som Livre, o selo consegue inserir artistas desconhecidos em trilha de novelas -um dos principais meios de popularização de músicos. Um deles é Tiago Iorc, cuja faixa "My Girl" está na trilha de "Viver a Vida". Outra música de Iorc, "Nothing but a Song", foi licenciada para a japonesa JVC e a faixa chegou ao top 10 da parada do Japão.

Gringos
Há alguns meses, a Lab 344 trilha o caminho inverso: trazendo para o Brasil álbuns que não conseguem distribuição por aqui. Por exemplo, "The Greatest Hits", CD e DVD do Simply Red, que saiu independente na Europa, e "Foot of the Mountain", o mais recente do A-Ha, que no exterior foi distribuído pela Universal.
Neste mês, chegam "Jukebox", da Cat Power, "BBC Sessions", 14 faixas tocadas nos estúdios da rádio britânica pelos escoceses Belle & Sebastian, e "The Eternal", do Sonic Youth.
"Vendo pouco CD, mas esse pouco satisfaz. Se comercializo 5.000 cópias, consigo fechar a conta", afirma Martins.
(THIAGO NEY)


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