São Paulo, quinta-feira, 09 de dezembro de 2010

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José Padilha defende os mega lançamentos

Diretor diz que Brasil pode usar estratégias de Hollywood

Autor de "Tropa de Elite 2" espera que sucesso contribua para discussão sobre financiamento de filmes nacionais

DE SÃO PAULO

Ao terminar "Tropa de Elite 2" e mostrá-lo para uns poucos amigos, o cineasta José Padilha chegou a achar que, desta vez, não teria tanto eco junto ao público.
Houve quem dissesse que Padilha tinha complicado demais a história.
A primeira reação do diretor ao filme, depois das filmagens, foi de absoluta empolgação. "O trabalho de montagem foi animador. As filmagens aconteceram em janeiro e, em setembro, o filme estava pronto", conta.
Mas, conforme começou a mostrar o filme, Padilha começou a ter algumas dúvidas quanto ao real poder de comunicação com o dito grande público.
"Alguns amigos me disseram que era um filme mais complicado de se entender do que o primeiro", relembra. "Essa era percepção. E aí eu chutei o público de uns 4 milhões de espectadores."
A expectativa começou a se mostrar modesta em excesso quando tiveram início as pesquisas na porta dos cinemas. Ao fazer a pergunta "Que filme você quer ver", os pesquisadores descobriram que "Tropa de Elite 2" era um dos mais desejados.
Veio, então, a surpresa do trailer. Ao ser disponibilizado no YouTube, o trailer explodiu. "A GloboFilmes tem um número que relacionado o número de cliques em uma semana com o potencial de espectadores. E o que dava era uma loucura", diz.

GIGANTISMO
Teve início, então, uma discussão sobre o tamanho do lançamento. Padilha achava que o filme tinha de estrear em 400 salas. Marco Aurélio Marcondes, coordenador da distribuição, defendia o número de 700. Fecharam em cerca de 600.
Mas, quebrando a lógica de todo lançamento de blockbuster, tiveram de aumentar o número de cópias do primeiro para o segundo final de semana.
Padilha admite que, ao ver os primeiros números, se assustou. "Mas aí eu resolvi parar de contar. Relaxei. Nunca esperei que um filme engajado pudesse levar tanta gente ao cinema", diz ele, que enche a boca para dizer que a crítica classificou o filme como um "thriller político".
Um sucesso desse tamanho só se faz, é claro, se houver identificação com o público. Mas "Tropa de Elite 2" só alcançou esses espectadores todos porque foi lançado de maneira absolutamente profissional. E competente.
"Estudamos as séries históricas de outros filmes, estudamos o lançamento de "Harry Potter'", diz o cineasta. "Acho que esse resultado coloca em pauta a seguinte questão: se outros filmes brasileiros tivessem sido lançados com o modelo americano, será que não teriam feito mais público? Eu me arrisco a dizer que sim."
Esse modelo é entrar num enorme número de salas, com pesado investimento em mídia e marketing.

NOVOS PARADIGMAS
"Mostramos que um grande lançamento não é monopólio das distribuidoras estrangeiras", diz. Cabe observar aqui que "Tropa de Elite 2" é o primeiro grande sucesso do cinema brasileiro atual que não tem, na película, a impressão do logo de alguma subsidiária de Hollywood.
Outro paradigma que Padilha acredita ter quebrado é o do modelo de financiamento do cinema nacional.
"Existe, claro, a possibilidade do cineasta procurar o Ministério da Cultura, pedir apoio público. Mas existe também um outro caminho, que é, em vez de olhar para o governo, é olhar para a gente, para o mercado."
(ANA PAULA SOUSA)


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