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MÚSICA
Espetáculos musicais e livros marcam os 100 anos do compositor carioca, autor de marchinhas e hinos de times de futebol
Homenagens lembram centenário de Babo
IRINEU FRANCO PERPETUO
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Embora digam que, no Brasil, o
ano só começa depois do Carnaval, já estão em andamento as comemorações do centenário de
um de nossos principais carnavalescos, o carioca Lamartine Babo,
nascido em 10 de janeiro de 1904.
No CCBB-RJ, começou no último dia 6, com apresentação de
Eduardo Dusek e Soraya Ravenle,
a série "Lamartine em Revista".
Com espetáculos até dia 27, sempre às terças, a homenagem ao
compositor, morto em 1963, terá
ainda apresentações de Léo Jaime, Pedro Miranda e o grupo Arranco de Varsóvia, entre outros.
Em São Paulo, também no
CCBB, e com apresentações igualmente às terças, as "Horas Lamartinescas" têm início no próximo
dia 13, com Língua de Trapo e Jica
y Turcão e participação especial
de Ângela Maria. Agendada até 3
de fevereiro, a série terá ainda
aparições de Maria Alcina, Mário
Manga e Maurício Pereira.
Em 18, 19 e 20 de fevereiro, no
Sesc Ipiranga, o produtor Heron
Coelho estréia o musical "Por Lamartine ... Babo", estrelando Maria Alcina, e com participação especial da cantora e atriz Fabiana
Cozza. Utilizando elementos teatrais e fazendo a produção do autor de "Serra da Boa Esperança"
dialogar com as estéticas do modernismo e da tropicália, o espetáculo deve excursionar pelas unidades do Sesc do interior paulista.
Além disso, o pesquisador carioca Suetônio Soares Valença
pretende finalizar, em abril, "Lamartine Babo Carnaval, Teatro de
Revista, Rádio", versão revista e
ampliada de "Tra la lá: Lamartine
Babo", biografia de 382 páginas,
incluindo catálogo geral da obra,
discografia e apresentação do
compositor e caricaturista Nássara (1910-1996), que foi lançada pela Funarte em 1981 e, posteriormente, reeditada em 1989.
"Trabalhar com música popular
é difícil, porque as fontes não têm
aquele rigor acadêmico, não estão
nas bibliotecas: a gente tem que
pesquisar em jornais e fazer entrevistas", diz Suetônio. "Meu livro era a trajetória individual de
Lamartine Babo. No volume que
estou preparando agora para o
centenário, sua silhueta vai aparecer destacada, mas sobre o pano
de fundo do Rio de Janeiro de sua
época, e os três veículos de sua
produção musical: o Carnaval, o
teatro de revista e o rádio".
Ainda sem editora definida, e
com prazo de lançamento previsto para novembro, a obra pretende caracterizar Babo como personagem-chave na construção do
imaginário carioca. "Acho que ele
era único na questão do humor.
Suas letras eram muito raras,
muito engraçadas, e acabaram
formando esse espírito carioca
que forjou o Rio de Janeiro, no
imaginário do Brasil e do exterior,
como lugar de vida alegre."
Embora seja identificado com o
Rio, Babo viajou para o Rio Grande do Sul e Minas Gerais, e tinha
uma ligação com São Paulo que
surpreendeu Suetônio. O biógrafo conta que, em 1926, ele esteve
em São Paulo com a Companhia
Negra de Revistas, integrada por
atores negros. "Mário de Andrade
estava escrevendo "Macunaíma"
nesta época, e precisava de informações sobre ritos afro-brasileiros; por conselho do crítico Antônio Bento, foi visitar a companhia, e o resultado é a cena de macumba que aparece em seu livro."
Mais tarde, em 1935, a convite
da Prefeitura de São Paulo, que
resolvera investir no Carnaval local, Babo volta à Paulicéia e participa de um concurso, no qual ouve a marchinha "Preto e Branco",
com letra de Silvino Neto e música de Lírio Panicali. Em 1946, Babo compõe hinos para os 12 clubes que integravam a liga carioca
de futebol; ele se lembra da marchinha e, pedindo permissão aos
autores, utiliza sua melodia no hino do Fluminense. "O hino do tricolor carioca tem música de um
paulista, filho de italianos", diz
Suetônio.
Ele estima a produção do autor
girando em torno de 300 a 350
obras. Suas criações dos anos 20,
para teatro de revista, estão disponíveis em partitura, mas ainda carecem de registro fonográfico.
O Babo dos anos 20 foi, então,
bastante influenciado pelo foxtrote, pelo charleston e pela música
do cinema norte-americano da
época. "Ele não fazia versões porque não sabia inglês, mas realizou
algumas adaptações de bastante
sucesso de músicas americanas."
LAMARTINE EM REVISTA. A cada terça
um diferente espetáculo. Onde: CCBB-RJ
(r. 1º de Março, 66, RJ, 0/xx/21/3808-2020). Quando: ter., às 12h30 e às 18h30.
Até 27/1. Quanto: R$ 6.
HORAS LAMARTINESCAS. A cada terça
um diferente espetáculo. Onde: CCBB-SP
(r. Álvares Penteado, 112, SP, tel. 0/xx/
11/3113-3651). Quando: ter., às 13h e às
19h30. Até 03/2. Quanto: R$ 6.
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