São Paulo, terça-feira, 10 de janeiro de 2006

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FASHION RIO

Layana Thomaz, que mostra coleção amanhã, sorteou modelo exclusivo

Estilista vende rifas para conseguir pagar desfile

NINA LEMOS
COLUNISTA DA FOLHA

A estilista carioca Layana Thomaz desfila amanhã pela segunda vez no Fashion Rio. O show que será visto na passarela não terá apoio de nenhum patrocinador. O dinheiro para pagar produtores, cenário, maquiagem, casting e trilha sonora foi arrecadado de forma sui generis. Como não arrumou patrocínio, Layana decidiu fazer rifas e vender para os seus amigos.
Cada uma custava R$ 100. Quem comprou, ganhou uma bolsa e concorre a um modelo exclusivo criado por ela.
Layana faz parte do time dos "sem-patrocínio", estilistas jovens que ainda não conseguem verba de empresas para pagar seus shows e por isso apelam para a criatividade.
"Não consegui patrocínio porque as pessoas não investem em quem está começando. Pensei que teria que inventar alguma coisa para conseguir a grana porque estava desesperada", diz a estilista. Ela pensou em fazer uma festa, antes de se decidir pelas rifas.

Amigos
"Ainda não contei quantas consegui vender, mas acho que deu para bancar pelo menos parte do custo do meu desfile, sim", diz Layana, que acredita que quem está começando precisa contar com os amigos.
"As minhas amigas venderam as rifas. É com o dinheiro delas que vou pagar tudo: casting, produtores, cenário, trilha sonora."
Ela conta que orçou o desfile da maneira mais barata possível e contou quantas rifas poderia vender para bancar o show.
"Vi que tinha um monte de tecidos no ateliê e tive a idéia de fazer as bolsas, porque aí a pessoa compra a rifa e ainda ganha uma peça legal", diz. Ela mesma confeccionou sozinha as cem bolsas e começou a vender as rifas na semana do Natal.
Em um evento de moda como o Fashion Rio, o grupo dos "sem-patrocínio" se vira como pode.

Pagamento a perder de vista
A estilista Marciana, do interior do Estado do Rio, que desfila no Rio Moda Hype, evento de jovens estilistas que acontece dentro da semana de moda, na sexta-feira, não organizou nenhuma rifa, mas também deu seus jeitinhos.
"Ganhei uma verba da equipe do Rio Moda Hype que não dava para cobrir os custos", diz. Por isso, fez coisas como "parcelar os sapatos do desfile a perder de vista". "Eu não tinha dinheiro para bancar os sapatos e também não podia desfilar descalça. Tive, então, que convencer o sapateiro", ela brinca.
"É muito difícil trabalhar sem patrocínio. Eu cortei todos os gastos possíveis. As bordadeiras são minhas amigas e fizeram um preço camarada."
De acordo com o stylist Rogério S, um dos coordenadores do Rio Moda Hype, em qualquer lugar do mundo os estilistas jovens trabalham sem (ou com pouco) patrocínio. "Nós ajudamos, por exemplo, conseguindo sapatos emprestados", explica. "Com uma grife grande, os sapatos são exclusivos, tudo é diferente. Ninguém que começa tem muito dinheiro para gastar. Mas o legal de trabalhar com essas pessoas é justamente esse pique que elas têm."
Os desfiles de estilistas jovens, como Layana e Marciana, custam cerca de, no mínimo, dez vezes menos do que o de uma grife de médio porte.
E, mesmo assim, as duas afirmam que, mesmo com rifas e descontos, estão gastando dinheiro que não têm.
Se vale a pena? "A gente que está começando faz tudo com muita vontade", responde Layana. Marciana concorda. "Eu me virei sozinha na maioria das coisas. Eu queria muito fazer esse desfile. E se você quer muito, você acaba conseguindo."


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