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FASHION RIO
Layana Thomaz, que mostra coleção amanhã, sorteou modelo exclusivo
Estilista vende rifas para conseguir pagar desfile
NINA LEMOS
COLUNISTA DA FOLHA
A estilista carioca Layana Thomaz desfila amanhã pela segunda
vez no Fashion Rio. O show que
será visto na passarela não terá
apoio de nenhum patrocinador.
O dinheiro para pagar produtores, cenário, maquiagem, casting
e trilha sonora foi arrecadado de
forma sui generis. Como não arrumou patrocínio, Layana decidiu fazer rifas e vender para os
seus amigos.
Cada uma custava R$ 100.
Quem comprou, ganhou uma
bolsa e concorre a um modelo exclusivo criado por ela.
Layana faz parte do time dos
"sem-patrocínio", estilistas jovens que ainda não conseguem
verba de empresas para pagar
seus shows e por isso apelam para
a criatividade.
"Não consegui patrocínio porque as pessoas não investem em
quem está começando. Pensei
que teria que inventar alguma coisa para conseguir a grana porque
estava desesperada", diz a estilista. Ela pensou em fazer uma festa,
antes de se decidir pelas rifas.
Amigos
"Ainda não contei quantas consegui vender, mas acho que deu
para bancar pelo menos parte do
custo do meu desfile, sim", diz Layana, que acredita que quem está
começando precisa contar com os
amigos.
"As minhas amigas venderam
as rifas. É com o dinheiro delas
que vou pagar tudo: casting, produtores, cenário, trilha sonora."
Ela conta que orçou o desfile da
maneira mais barata possível e
contou quantas rifas poderia vender para bancar o show.
"Vi que tinha um monte de tecidos no ateliê e tive a idéia de fazer
as bolsas, porque aí a pessoa compra a rifa e ainda ganha uma peça
legal", diz. Ela mesma confeccionou sozinha as cem bolsas e começou a vender as rifas na semana do Natal.
Em um evento de moda como o
Fashion Rio, o grupo dos "sem-patrocínio" se vira como pode.
Pagamento a perder de vista
A estilista Marciana, do interior
do Estado do Rio, que desfila no
Rio Moda Hype, evento de jovens
estilistas que acontece dentro da
semana de moda, na sexta-feira,
não organizou nenhuma rifa, mas
também deu seus jeitinhos.
"Ganhei uma verba da equipe
do Rio Moda Hype que não dava
para cobrir os custos", diz. Por isso, fez coisas como "parcelar os
sapatos do desfile a perder de vista". "Eu não tinha dinheiro para
bancar os sapatos e também não
podia desfilar descalça. Tive, então, que convencer o sapateiro",
ela brinca.
"É muito difícil trabalhar sem
patrocínio. Eu cortei todos os gastos possíveis. As bordadeiras são
minhas amigas e fizeram um preço camarada."
De acordo com o stylist Rogério
S, um dos coordenadores do Rio
Moda Hype, em qualquer lugar
do mundo os estilistas jovens trabalham sem (ou com pouco) patrocínio. "Nós ajudamos, por
exemplo, conseguindo sapatos
emprestados", explica. "Com
uma grife grande, os sapatos são
exclusivos, tudo é diferente. Ninguém que começa tem muito dinheiro para gastar. Mas o legal de
trabalhar com essas pessoas é justamente esse pique que elas têm."
Os desfiles de estilistas jovens,
como Layana e Marciana, custam
cerca de, no mínimo, dez vezes
menos do que o de uma grife de
médio porte.
E, mesmo assim, as duas afirmam que, mesmo com rifas e descontos, estão gastando dinheiro
que não têm.
Se vale a pena? "A gente que está
começando faz tudo com muita
vontade", responde Layana. Marciana concorda. "Eu me virei sozinha na maioria das coisas. Eu
queria muito fazer esse desfile. E
se você quer muito, você acaba
conseguindo."
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