São Paulo, terça-feira, 10 de janeiro de 2006

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CURTA-METRAGEM

Filmes revisitam mitos dos anos 60

BRUNO YUTAKA SAITO
DA REPORTAGEM LOCAL

Três mitos guiam a programação de curtas do Canal Brasil hoje. É sob o signo do ano de 1968, um mito por si só, que são exibidos os filmes "Os Mutantes" e "Leila para Sempre Diniz".
Ao menos para a música brasileira, 1968 e o grupo dos irmãos Batista ainda não terminaram. Naquele ano em que lançaram seu primeiro disco, Os Mutantes deram início a uma da maiores aventuras do rock nacional, ainda hoje não devidamente digerida, já que continuam como parâmetros inatingíveis em termos de criatividade e ousadia, cada vez mais cultuados pela vanguarda musical internacional.
O curta de 1970, com imagens do arquivo de Antônio Carlos da Fontoura ("A Rainha Diaba", "Copacabana Me Engana"), tem especial valor já que registra raras cenas do grupo em movimento. Não há narração ou história; é uma edição de imagens diversas, entremeadas por músicas do grupo na fase "A Divina Comédia ou Ando Meio Desligado".
Rita Lee, Arnaldo e Sérgio Batista estão lá, em pleno auge da juventude, fazendo tudo aquilo que as lendas em torno da banda sugerem. Estão coloridíssimos, de chapéus e calças listradas, passeando em parques, botecos e distribuindo autógrafos. A cena em que correm alegremente pela rua, como se fossem integrantes de qualquer outra banda adolescente, ao som de "Ando Meio Desligado", resume o espírito despreocupado e anárquico da banda.
Mais formal, mas ainda sob a força do mito, "Leila para Sempre Diniz", narrado por Paulo José, é uma homenagem à atriz morta em acidente de avião em 1972. Poucos antes, em 1968, Diniz iria se firmar no imaginário artístico/ comportamental do Brasil, diz o filme. Representava a mulher que não se reprimia ao fugir dos padrões machistas de então. Vista hoje, em dias de Tati Quebra-Barraco, vê-se que este outro 1968 também ainda não terminou.


Clássicos - Curta na Tela
Quando:
hoje, às 14h ("Os Mutantes") e 14h07 ("Leila para Sempre Diniz"), no Canal Brasil


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