São Paulo, segunda-feira, 10 de janeiro de 2011 |
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CRÍTICA ARTES PLÁSTICAS Desleixo curatorial afeta mostra sobre acervo pioneiro do MAC na ditadura FABIO CYPRIANO DE SÃO PAULO Em uma carta de 1974, o artista Sérgio Ferro pede a Walter Zanini, então diretor do Museu de Arte Contemporânea da USP (MAC), que receba a obra "São Sebastião (Marighella)", de 1970: "Como pagamento, o que te peço é bem cuidar dela". Tanto a obra quanto a carta são as primeiras peças da mostra "Um Dia que Terá Terminado 1969/74", com curadoria de Cristina Freire, Heloisa Costa e Ana Magalhães, da equipe do museu. Esse começo simbólico revela bem a importância que o MAC conquistou, durante a ditadura militar, enquanto espaço de experimentação artística, em grande parte graças à liderança de Zanini. Ao longo da exposição, comprova-se como grande parte da produção de ponta daquela época entrou no acervo do MAC. Estão lá, por exemplo, "M 3X3", de Analivia Cordeiro, considerada a primeira obra de videoarte do país. Trata-se de um trabalho de videodança. Ou então "PlayFEUUllagem", de Regina Vater, uma série de seis fotografias, registros de uma ação do ator Antônio Pitanga, no Jardim de Luxemburgo, em 1974. O MAC abria as portas às novas mídias enquanto elas surgiam. Assim, muitos nomes representativos do período ganham espaço na mostra: Cildo Meireles, Mira Schendel, Cláudia Andujar, Regina Silveira, Júlio Plaza e Ângelo de Aquino, entre outros. O problema é que uma exposição não pode ser apenas a sucessão de obras na parede, mas precisa construir um pensamento, e isso, em "Um Dia que..." não existe. A exceção é o início da mostra, com a carta e a obra de Ferro. Abordar o momento mais rígido da ditadura militar brasileira, sem contextualizá-lo, sem pontuar o que se vivia naquele momento, sem fazer com que as obras expostas sejam redimensionadas é, no mínimo, desleixo curatorial. Apenas um ótimo acervo não faz uma boa exposição e, com a nova sede do MAC, que deve ser inaugurada ainda neste semestre, esse desafio precisa ser de fato encarado. UM DIA QUE TERÁ TERMINADO 1969/74 QUANDO de ter. a dom., das 10h às 18h. Até 6/3 ONDE MAC USP (Pavilhão da Bienal, 3º piso, parque Ibirapuera, portão 3, tel. 0/xx/11/ 5573-9932) QUANTO grátis AVALIAÇÃO regular Texto Anterior: FOLHA.com Próximo Texto: Luiz Felipe Pondé: Vítimas Índice | Comunicar Erros |
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