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"Cidade de Deus" busca indicação de filme estrangeiro, mas já é sucesso nos EUA e tem o aplauso de Steven Spielberg
Quem liga para o Oscar?
SILVANA ARANTES
DA REPORTAGEM LOCAL
O diretor norte-americano Steven Spielberg telefonou para o colega brasileiro (radicado nos Estados Unidos) Bruno Barreto há
duas semanas. O assunto era um
só: o longa brasileiro "Cidade de
Deus", que Spielberg havia assistido em Los Angeles, onde o filme
estreou no último dia 17.
"Ele falou sobre o quanto tinha
gostado e por isso pediu um encontro com [o cineasta] Fernando
Meirelles. Há muito tempo um filme estrangeiro não causava tanto
impacto aqui nos Estados Unidos", afirma Barreto.
Em Nova York, onde está em
cartaz em 70 salas, a média de bilheteria de "Cidade de Deus" é de
US$ 10.983,00 por cópia. É um número alto. Tão alto que se aproxima da média de "Chicago", musical com Renée Zellweger e Catherine Zeta-Jones com o qual a mesma Miramax que distribui "Cidade de Deus" espera ganhar o Oscar de melhor filme.
Para o longa brasileiro, a Miramax não tem nenhuma expectativa no Oscar. Ou melhor, só a de
que "Cidade de Deus" não conseguirá ser indicado. O sucesso do
filme nas bilheterias e nas críticas
na imprensa norte-americana é
inversamente proporcional à sua
recepção pela Academia de Artes
e Ciências Cinematográficas de
Hollywood.
Sessões abandonadas
Nas projeções de "Cidade de
Deus" para membros da Academia que definem os cinco candidatos (entre os 54 inscritos) ao
Oscar de filme estrangeiro, boa
parte dos espectadores deixou a
sessão antes do fim.
"A idade média dos membros
da Academia é bem alta, e eles jamais gostam de filmes muito violentos. Mas "Cidade de Deus" já
conseguiu algo muito mais importante do que a indicação ao
Oscar de filme estrangeiro: uma
distribuição com muita visibilidade no mercado americano", avalia Barreto, que concorreu ao Oscar com "O que É Isso, Companheiro?" (1997).
Co-diretora de "Cidade de
Deus", Katia Lund diz que "às vezes" não acha "importante que o
filme seja indicado, porque o foco
no Oscar desvia a atenção do assunto do filme".
"Uma vantagem de ter "Cidade
de Deus" indicado é que ele será
visto por muito mais gente no
Brasil e no mundo. E todo filme é
feito para ser visto. Outra vantagem é que cada filme brasileiro indicado abre canais de co-produção, financiamento e distribuição
internacional", afirma.
Meirelles em Hollywood
O diretor Fernando Meirelles já
definiu que dirigirá mais um filme
brasileiro, "Intolerância", e depois aceitará "fazer algo em
Hollywood, como experiência".
"Intolerância" terá o mesmo roteirista de "Cidade de Deus",
Bráulio Mantovani.
Sobre a provável indicação de
seu filme ao Oscar, Meirelles diz
que aposta em "50% de chances".
"Esses bons resultados de bilheteria influenciam de qualquer
maneira. A crítica foi 80% positiva, o que ajuda também", afirma
o cineasta.
O diretor Andrucha Waddington -que teve seu "Eu Tu Eles"
inscrito pelo Brasil em 2000 e não
conseguiu indicação- disse que
considera "Cidade de Deus"
"uma obra-prima" e "adoraria"
que ele fosse nomeado.
"Existe simpatia por certos países em determinados anos. Acho
que também entra em questão o
tema inerente àquele ano, o assunto que as pessoas acham importante premiar. Cinema é muita política também. É um trabalho
muito duro [fazer a campanha".
Você não chega perto de onde rola a decisão", diz Waddington.
Meirelles afirma que não fez
"nada específico para a campanha". E Lund diz que não está
"participando diretamente".
ANÚNCIO DOS INDICADOS AO OSCAR.
Transmissão da seleção das 24
categorias em Los Angeles. Quando:
amanhã, às 11h, no SBT
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