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CDS
ELECTRO/ROCK
Em 1º álbum, DJs criam letras desgastadas; Wry remete ao passado
Em suas músicas, dupla No Porn fala mais do que deveria
THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL
Sem querer, dois lançamentos
expõem artistas novos do cenário electro e rock do país. Mais
desnudam do que revelam.
O primeiro é a dupla formada
pela vocalista Liana Padilha e pelo
produtor Luca Lauri. Os dois são
também DJs, e suas noites costumam lotar o clube Vegas, em São
Paulo (ficaram conhecidos no extinto Xingu). No Porn é a versão
ao vivo do duo, e o álbum homônimo é a estréia em disco.
Aqui, as letras são o principal
problema. Uma das lições que a
eletrônica nos deu foi que se você
não tem nada a dizer, não diga; os
beats fazem o serviço.
O No Porn não tem nada a dizer
e desrespeitou a regra. As canções
têm letras desgastadas, que não
são inteligentes, não são engraçadas, não são sexy... São um punhado de citações e jogos de palavras que tentam ser espertas, mas
não têm alcance. Exemplos? "Baile de Peruas/ Coleção decadente
cigana/ Tecido de cortinas e almofadas/ Cafonice Intrínseca" ("Baile de Peruas"); "Eu sim/ eu não/
eu tão/ eu tonto/ eu sonso" ("Fim
de Tarde"); "Bijoux para todos/
Champanhe, cristais e ouro/ Pérolas, luzes, paetês, espelhos"
("Xingu"). Só com muita champanhe na cabeça para conseguir
dançar ouvindo isso.
Pode-se dizer que o electro é um
dos cinco vértices da música eletrônica de pista (os outros são tecno, house, trance e drum'n'bass),
e destes, o que mais mergulha no
passado em busca de referências.
Outra deficiência deste disco é
que essa volta é um fim, e não um
meio. Um momento novo vem
com "Dois", com atmosfera dark,
misteriosa; outro, em "Exc Main
Niz", em que a guitarra de Edgard
Scandurra se encaixa com batidas
polpudas, bem melódicas. Em todo o resto, o CD soa retrô, déjà vu.
O que nos leva a "Flames in the
Head", álbum do quarteto Wry,
sorocabanos radicados em Londres. Eles convocaram nomes respeitados para ajudá-los na produção, como Gordon Raphael (dos
dois primeiros discos dos Strokes), e Tim Wheeler (vocalista do
Ash), mas não escapamos da sensação de que o grupo ainda não
encontrou uma direção certa.
As canções são todas compostas
em inglês, e o rock britânico é
também onde o Wry vai pescar
suas idéias. A época é o pré-britpop, e faixas como "In the Hell of
My Head", "Powerless" e "Come
and Fall" remetem às guitarras de
My Bloody Valentine e Ride. Mas
não avançam, não seguem além
disso. Com um foco tão restrito, o
disco sente falta de um refrão forte e de canções acima do razoável.
No Porn
Artista: No Porn
Lançamento: Segundo Mundo
Quanto: R$ 25, em média
Flames in the Head
Artista: Wry
Lançamento: Monstro
Quanto: R$ 25, em média
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