São Paulo, sábado, 10 de fevereiro de 2007

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"Sassaricando" vira fenômeno no Rio

Espetáculo entusiasma público com marchinhas marcadas por alegria e incorreção política, como "O Teu Cabelo Não Nega"

Fenômeno teatral, musical e comportamental do verão carioca, show tem nomes como Eduardo Dussek e Pedro Paulo Malta no elenco


LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO

Thaynara Martins, 10, adorou "Mamãe Eu Quero". Mas não gosta de mentir: "Não conheço essas músicas. Nos bailes em que a gente vai, não toca. Mas são muito legais".
Ernesto Raposo, 78, adorou tudo. A alegria virou até ufanismo: "Salve, meu Brasil! Que músicas maravilhosas!".
Em apenas duas semanas de temporada, "Sassaricando - E o Rio Inventou a Marchinha" se transformou num fenômeno teatral, musical e comportamental do verão carioca.
Os 536 lugares do Sesc Ginástico estão sempre lotados; o espetáculo é tema de colunas de jornal e conversas de bar; ao som de "Cidade Maravilhosa", as pessoas saem do teatro achando que o Rio ainda é o da letra de André Filho.
"Eu imaginava que o espetáculo ia divertir, mas não emocionar. Tem gente que fala comigo enxugando as lágrimas.
Acho que ajuda a recuperar a auto-estima do Rio", diz a pesquisadora Rosa Maria Araújo, autora do roteiro de 89 marchinhas ao lado de Sérgio Cabral.
"Não imaginava esse sucesso, mas sonhava com ele. Como diz aquele samba da União da Ilha, é um porre de felicidade", comemora o jornalista e escritor.
Além dos dois roteiristas, há íntimos do assunto no elenco (Eduardo Dussek, Pedro Paulo Malta e Alfredo Del-Penho, que cantam com Soraya Ravenle, Juliana Diniz e Sabrina Korgut) e no grupo de músicos (Luís Filipe de Lima e Henrique Cazes à frente). O diretor, Claudio Botelho, é sinônimo de musical de sucesso.
Mas os grandes astros são os compositores. Quando fotos deles aparecem no telão, a platéia se farta em aplausos. A homenagem faz jus ao trio de ouro do gênero -João de Barro (Braguinha), Lamartine Babo e Haroldo Lobo- e também a outros que, assim como as marchinhas, foram sendo escanteados com o tempo: Nássara, Roberto Martins, Mirabeau, Klécius Caldas, Luiz Antônio e o caçula João Roberto Kelly, ainda na ativa aos 68. "Vim aqui ouvir de novo essas músicas, que eu adorava.
Hoje, não tocam mais, o Carnaval está esculhambado", disse Ruth Hooper, 58.
Para tanto sucesso, ingredientes fundamentais são duplo sentido e incorreção política, explícitos em marchinhas como "Seu Cornélio", "Eu Também Quero Roubar" e "Diabo sem Rabo".


SASSARICANDO - E O RIO INVENTOU A MARCHINHA
Quando:
qua. e qui., às 12h30; sex. a dom., às 19h
Onde: Sesc Ginástico (av. Graça Aranha, 187, tel. 0/xx/21/2279-4027)
Quanto: R$ 10 (qua. e qui.) e R$ 20 (sex. a dom.)


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