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"Sassaricando" vira fenômeno no Rio
Espetáculo entusiasma público com marchinhas marcadas por alegria e incorreção política, como "O Teu Cabelo Não Nega"
Fenômeno teatral, musical e comportamental do verão carioca, show tem nomes
como Eduardo Dussek e Pedro Paulo Malta no elenco
LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO
Thaynara Martins, 10, adorou "Mamãe Eu Quero". Mas
não gosta de mentir: "Não conheço essas músicas. Nos bailes em que a gente vai, não toca.
Mas são muito legais".
Ernesto Raposo, 78, adorou
tudo. A alegria virou até ufanismo: "Salve, meu Brasil! Que
músicas maravilhosas!".
Em apenas duas semanas de
temporada, "Sassaricando - E o
Rio Inventou a Marchinha" se
transformou num fenômeno
teatral, musical e comportamental do verão carioca.
Os 536 lugares do Sesc Ginástico estão sempre lotados; o espetáculo é tema de colunas de
jornal e conversas de bar; ao
som de "Cidade Maravilhosa",
as pessoas saem do teatro
achando que o Rio ainda é o da
letra de André Filho.
"Eu imaginava que o espetáculo ia divertir, mas não emocionar. Tem gente que fala comigo enxugando as lágrimas.
Acho que ajuda a recuperar a
auto-estima do Rio", diz a pesquisadora Rosa Maria Araújo,
autora do roteiro de 89 marchinhas ao lado de Sérgio Cabral.
"Não imaginava esse sucesso,
mas sonhava com ele. Como diz
aquele samba da União da Ilha,
é um porre de felicidade", comemora o jornalista e escritor.
Além dos dois roteiristas, há
íntimos do assunto no elenco
(Eduardo Dussek, Pedro Paulo
Malta e Alfredo Del-Penho, que
cantam com Soraya Ravenle,
Juliana Diniz e Sabrina Korgut) e no grupo de músicos
(Luís Filipe de Lima e Henrique Cazes à frente). O diretor,
Claudio Botelho, é sinônimo de
musical de sucesso.
Mas os grandes astros são os
compositores. Quando fotos
deles aparecem no telão, a platéia se farta em aplausos. A homenagem faz jus ao trio de ouro
do gênero -João de Barro
(Braguinha), Lamartine Babo e
Haroldo Lobo- e também a
outros que, assim como as marchinhas, foram sendo escanteados com o tempo: Nássara, Roberto Martins, Mirabeau, Klécius Caldas, Luiz Antônio e o
caçula João Roberto Kelly, ainda na ativa aos 68.
"Vim aqui ouvir de novo essas músicas, que eu adorava.
Hoje, não tocam mais, o Carnaval está esculhambado", disse
Ruth Hooper, 58.
Para tanto sucesso, ingredientes fundamentais são duplo sentido e incorreção política, explícitos em marchinhas
como "Seu Cornélio", "Eu
Também Quero Roubar" e
"Diabo sem Rabo".
SASSARICANDO - E O RIO INVENTOU A MARCHINHA
Quando: qua. e qui., às 12h30; sex. a
dom., às 19h
Onde: Sesc Ginástico (av. Graça Aranha, 187, tel. 0/xx/21/2279-4027)
Quanto: R$ 10 (qua. e qui.) e R$ 20 (sex. a dom.)
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