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Atriz de "Tropa" será aluna sexy na TV
Fernanda Machado não irá a Berlim, onde o filme concorre, por causa de gravações de série com "muita cena de cama'
Paranaense, que estará em
"Queridos Amigos", da
Globo, diz que sempre quis
papel sensual, mas rejeita
ibope em cima do seu corpo
LUCAS NEVES
ENVIADO ESPECIAL AO RIO
Quando o diretor José Padilha e parte do elenco de "Tropa
de Elite" apresentarem o filme
na mostra competitiva do Festival de Berlim, amanhã, a atriz
Fernanda Machado, 27, que no
longa interpreta a universitária
"ongueira" Maria, provavelmente estará deitada numa cama. Não, não se trata de doença, muito menos de uma confidência íntima feita à meia-voz à
reportagem. A explicação reside em Lorena, sua personagem
na minissérie "Queridos Amigos", que estréia no dia 18/2.
"Tem muita cena de cama",
adianta, para deleite dos marmanjos. "É a primeira vez que
tenho um papel com levada
sensual, "sex appeal". Era um
perfil que morria de vontade de
fazer. Mas, se você chega à Globo e faz um personagem assim
de cara, ganha um rótulo na sua
testa: a gostosona. Por isso tinha medo", diz, ressaltando
que a presença de Carlos Araújo (com quem trabalhou em
"Começar de Novo") na direção
a tranqüilizou, "porque sei que
ele não vai querer levantar ibope em cima do meu corpo".
Recato que não impede lances de charme: na lanchonete
da Barra da Tijuca (zona oeste
do Rio) que servirá de cenário à
entrevista, de saída, ela se encarapita em duas mesas para namorar as lentes do fotógrafo
com meios sorrisos. Depois,
durante a conversa propriamente dita, como que pesando
cada resposta, a todo instante
leva as mãos às compridas madeixas de Lorena, a estudante
que se apaixona pelo professor
de literatura da faculdade.
"Padrinho" estrangeiro
As gravações da minissérie
impossibilitaram a ida da atriz
paranaense a Berlim, plataforma de lançamento da carreira
internacional de "Tropa"- e,
quiçá, da de integrantes do
elenco. Mas as atenções de Fernanda não parecem voltadas ao
além-mar. "O mercado lá fora
não é algo que me interesse.
Prefiro fazer bons filmes no
Brasil a cavar um buraco de
qualquer jeito em Hollywood
para uma ponta em algo em que
eu nem abra a boca ou em que
seja só a "gostosinha'", afirma.
Se porventura ela mudar de
idéia, já tem um "padrinho" estrangeiro. "O Harvey Weinstein [ex-dono da Miramax e
distribuidor internacional de
"Tropa'] me amou de paixão
desde o dia em que me viu.
Queria me levar para Nova
York, arranjar um agente para
mim. Mas, na boa: a gente sabe
que lá fora é uma indústria absurda, que vende-se a alma."
Vender ingresso com filmes
nacionais que sejam "quase
uma novela" tampouco lhe soa
interessante. "Queria evitar filmes comerciais. Para quê, né?
Já sou funcionária da TV Globo, já faço novela. Aí, vou fazer
um filme com tudo parecido?
Queria fazer algo mais "cinemão", em que possa experimentar, viajar." Algum exemplo de
filme recente com "cara de novela" de que ela se lembre? "Estou com um na cabeça agora,
mas o diretor é meu amigo",
desconversa.
Na TV, ela estreou com um
pequeno papel na novela "Começar de Novo", de Antônio
Calmon e Elizabeth Jhin, em
2004. No ano seguinte, chamou
a atenção como a aprendiz de
vilã Dalila, em "Alma Gêmea",
de Walcyr Carrasco.
Oscilação emocional
Em 2007, a responsabilidade
aumentou com a Joana de "Paraíso Tropical". A oscilação
emocional da personagem na
trama de Gilberto Braga e Ricardo Linhares fez Fernanda
pensar em voltar à Maringá natal quando as gravações acabassem -questionamento para o
qual também contribui a exposição de sua vida pessoal em revistas de fofoca. "Foi no fim da
novela. Estava com o canal da
Joana muito aberto: ficava o dia
inteiro chorando, buscando
emoções negativas. Me acabava", lembra.
"E a Fê chora de verdade", intervém a mãe, dona Alenice,
que assiste atentamente à conversa na mesa ao lado com seu
Fernando, pai da atriz. "Tenho
que aprender a me defender
mais, a me exaurir menos", retoma Fernanda.
Antes da TV, houve o teatro.
Aos 17, a atriz trocou o interior
paranaense pela capital para
cursar artes cênicas. O sustento
vinha de participações em comerciais e "bicos" como figurinista e maquiadora. O "teatro-empresa" -em que, à base de
esquetes cômicos, doutrinava
funcionários acerca da importância do uso de equipamentos
de segurança- também lhe
rendeu uns caraminguás.
Mais à frente, subiu ao palco
nos kafkianos "O Processo" e
"A Metamorfose" e em adaptações de Brecht. A atuação em
"Lágrimas Puras em Olhos Pornográficos" lhe valeu o primeiro telefonema da Globo: queriam fazer um registro em vídeo. No trabalho seguinte, "O
Homem Elefante", viria o convite para cursar a oficina de atores da emissora -e a mudança
para o Rio.
"Carioca é mais despojado,
entrão, né? O que mais estranhei foi o caos da cidade, na
comparação com Curitiba. De
repente, caí na rodoviária do
Rio. Nunca tinha visto uma van
na vida!", diverte-se.
Voltar ao teatro é uma das
metas para este ano, mas ela
antes quer "dar uma reciclada".
"Se não fizer isso, com que cara
vou voltar agora? Virada do
avesso?" O público (masculino,
pelo menos) pensa diferente.
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