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Crítica
Chinês reduz drama e amplia personagens
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Como já foi muito esclarecido, "Still Life", ou seu correspondente em chinês, quer dizer
natureza-morta, e não "Em
Busca da Vida" (TC Cult, 22h,
não indicado para menores de
12 anos), obscuro título dado
entre nós a este filme de Jia
Zhang-ke.
Na natureza-morta, os objetos estão invariavelmente deslocados em relação a seu lugar
de origem. Não há uma parreira, mas um cacho de uvas, e assim por diante. É um pouco assim em Fengjie, cidade prestes
a ser inundada para fins de
uma dessas megaconstruções
em que se especializou a China
contemporânea.
Talvez não seja justo dizer
que as coisas evoluem ao estilo
chinês, isto é, sem se preocupar
muito com as pessoas. O filme
tem proximidades com o "Rio
Violento", de Elia Kazan. No
tema, claro. Zhang-ke, cineasta
de agora, reduz ao mínimo a
dramaticidade e amplia ao máximo a exposição dos personagens, à maneira documental.
Aqui, um cineasta-chave do novo milênio trata de um país-chave. É
melhor ficar esperto.
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