|
Texto Anterior | Índice
Virada Cultural será menor em 2009
Com corte de 33% no orçamento, Secretaria de Cultura reduz seu principal evento e suspende fomento à dança
Verba da pasta passou de R$ 370 milhões para R$ 255 milhões após corte da prefeitura; Virada terá R$ 1,5 milhão a menos que em 2008
AUDREY FURLANETO
DA REPORTAGEM LOCAL
ADRIANA PAVLOVA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A Virada Cultural, um dos
principais eventos do calendário de São Paulo, será cortada
em um terço em sua edição
2009. A medida faz parte do
contingenciamento de 33% na
verba da Secretaria Municipal
de Cultura, dentro do pacote de
cortes no orçamento da Prefeitura de São Paulo.
Marcada para 2 e 3 de maio, a
Virada terá neste ano R$ 4,5
milhões, o que, segundo o secretário de Cultura, Carlos Augusto Calil, implica redução da
área de abrangência e do número de palcos. No ano passado,
foram R$ 6 milhões gastos em
800 atrações e 26 palcos somente no centro da cidade. "Já
pretendíamos reformular, mas
faríamos isso com tranquilidade orçamentária. Agora, vamos
juntar as duas coisas: a reformulação e o corte", afirmou ontem o secretário.
Entre os palcos que ficarão
de fora em 2009, estão o do parque Dom Pedro e da avenida
Rio Branco, ambos no centro
da cidade, que tiveram "pouco
aproveitamento" na avaliação
da secretaria. O palco instrumental, instalado no Anhangabaú em 2008, também deixará
de existir naquele endereço.
"Minha avaliação é que a gente
pode recuar um pouco, sem
perder a qualidade", disse Calil.
Segundo ele, a edição 2009
deve se encaminhar para a região do Jardim da Luz, também
no centro, ponto de uma das
principais atrações previstas, o
grupo francês Carabosse. A
ideia é criar um caminho de
palcos até o local.
Além da Virada, o novo orçamento da secretaria -que passou de R$ 370 milhões para R$
255 milhões- vai comprometer projetos ligados ao Fundo
Especial de Promoção das Atividades Culturais (Fepac), que
atende espetáculos e companhias de dança, além das áreas
de cinema e circo -o investimento em teatro está preservado, já que a área não integra o
fundo.
Em 2008, o Fepac recebeu
R$ 15 milhões. Em 2009, a verba será a mesma, mas terá outra finalidade: pagar projetos
que não foram pagos no ano anterior. "Vamos priorizar os
compromissos herdados de
2008. Quando cortam a mesada, o que você faz? Você se vira", conclui Calil.
Dança suspensa
Principal programa da secretaria na área, o Fomento à Dança está suspenso por tempo indeterminado. Ontem, a secretaria emitiu comunicado informando que, devido ao corte,
"novos editais só poderão ser
lançados à medida que os recursos sejam liberados". O sexto edital deveria ter sido lançado em janeiro deste ano.
O comunicado diz ainda que
o pagamento dos grupos contemplados no quinto edital
-lançado em outubro, inicialmente previsto para dezembro
e até hoje não realizado- será
liberado imediatamente.
Com a notícia da suspensão,
bailarinos, coreógrafos e produtores decidiram fazer uma
manifestação às 14h desta sexta, na galeria Olido. A proposta
é reunir pessoas do meio para
elaborar um abaixo-assinado.
"Vamos fazer um tremendo barulho para mostrar a nossa indignação. A dança não é uma
arte comercial, por isso precisa
de subsídios", diz o diretor Fernando Lee, do Núcleo Omstrab,
contemplado em três editais do
programa.
O Fomento à Dança teve início em 2006 e já beneficiou 66
companhias com verba total de
R$ 9,43 milhões. Os grupos escolhidos ganham de R$ 40 mil a
R$ 220 mil para um ano de trabalho, de acordo com o projeto.
Texto Anterior: Teatro: Grupo Ventoforte celebra 35 anos com mostra Índice
|