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Prêmio gay conquista Berlim
ANDRÉ FISCHER
especial para a Folha, em Berlim
Dentro da rigidez germânica
de Berlim uma premiação nada
ortodoxa vem ganhando visibilidade e mudando o perfil do
segundo maior festival de cinema do mundo.
O Teddy Bear (em inglês, urso de pelúcia, mas também gíria do universo gay para homens peludos bonitos) escolhe
os melhores longa, documentário e curta entre os filmes de
temática gay e/ou lésbica apresentados no festival de maneira
bastante original.
Os concorrentes não inscrevem seus filmes na competição:
cabe aos organizadores a seleção entre os filmes da competição oficial, mostras Panorama
e Fórum, além de outros que
entram sob a inusitada categoria "outros filmes que chegaram às nossas mãos".
Sem perder a informalidade e
o bom humor, esse ano o
Teddy vai ter uma cobertura
inédita da mídia. A entrega dos
prêmios no próximo dia 20 terá
cobertura de 20 TVs européias,
transmissão ao vivo pela Internet e contará com a presença
do ex-ministro da Cultura da
França Jack Lang e da estrela de
Hong Kong Leslie Cheung.
Além do troféu criado pelo
cartunista Ralf König (conhecido no Brasil por "O Homem
Ideal"), os vencedores recebem
a quantia de 35 mil marcos
(cerca de R$ 40 mil).
O festival começa amanhã
com "Aimée & Jaguar", filme
alemão que conta a história de
um casal de lésbicas.
O Teddy Bear surgiu em 1987
quase como uma brincadeira e
um evento marginal ao festival
com objetivo de marcar uma
posição dos realizadores e programadores homossexuais. Os
primeiros vencedores foram
Pedro Almodóvar ("A Lei do
Desejo") e Gus van Sant ("Mala
Noche"), na época pouco conhecidos fora do underground.
Rapidamente a premiação foi
conquistando espaço, sobretudo por suas festas animadíssimas e pela projeção alcançada
pelos filmes premiados. Em
1991, foi reconhecido pela organização do festival como evento paralelo e desde 1997 faz parte da lista de premiação oficial.
Berlim é o único festival de cinema mainstream a possuir
uma premiação oficial para as
melhores produções com temática gay ou lésbica.
No ano passado, o prêmio
principal foi para o filipino
"Ang Lalaki Sa Buhay Ni Selya", exibido no último Festival
Mix Brasil como "Casamento
de Conveniência", cuja seleção
para o Teddy Bear foi descoberta pelo diretor apenas ao
chegar a Berlim.
Entre os destaques da seleção
deste ano estão o espanhol "La
Niña de Tus Ojos", de Fernando Trueba, e o israelense "Kesher Ir", de Jonathan Sagall, ambos na competição oficial, os
canadenses "Beefcake" e "Better Than Chocolate" e o chinês
"Bishonen", que já vêm fazendo algum barulho nos festivais
norte-americanos.
Até agora são 38 longas e curtas em competição, mas a direção avisa que até quinta-feira,
quando sai a lista definitiva,
podem descobrir mais títulos.
O jornalista
André Fischer é membro do júri do festival Teddy Bear
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