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Ziraldo lança outro menino na Bienal
MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DA REPORTAGEM LOCAL
Tão regular quanto a existência
das Bienais do Livro é a presença
de Ziraldo Alves Pinto, 73, arrastando uma legião de seguidores
em busca de autógrafos nas suas
cópias de "O Menino Maluquinho", "O Bichinho da Maçã" e
mais o que ele estiver lançando no
ano em questão.
"Quando eu lanço livro na Bienal, em geral é uma farra danada,
filas que dão volta no quarteirão,
já virou uma coisa meio folclórica.
E o mais especial para mim são os
pais que um dia foram pegar autógrafos e que agora levam os filhos", conta, orgulhoso, Ziraldo.
Este ano, dividindo as atenções
com o indefectível "Maluquinho"
-que tem um almanaque comemorativo de seus 25 anos lançado
agora, com ilustrações de vários
artistas-, o
autor apresenta "O Menino da
Lua", que conta a história de uma
turma de garotos que habita os
planetas do sistema solar, além do
satélite da Terra. Ziraldo descreve
o livro como "pretensioso", referindo-se ao tempo que levou para
burilar o texto.
"Gastei cinco anos para fazer esse livro; ele "enguiçou". Às vezes
acontece de você não achar a linguagem exata, você tem uma
idéia genial, mas não consegue
desenvolver. Tem que botar o livro na gaveta e olhar meses depois, para ver a droga que você estava fazendo", explica Ziraldo.
Ele completa a explicação delimitando as diferenças entre o escritor e o desenhista: "Eu gosto
muito de desenhar, desenho como quem respira. Mas escrever é
um desafio, qualquer frase pode
ficar melhor se eu trabalhar mais.
É como [o poeta] João Cabral [de
Melo Neto] falou, não tem essa
coisa de espontaneidade não, cada poema meu é um parto".
Trabalhoso ou não, Ziraldo pretende desenvolver uma nova turma de personagens infantis com
"O Menino da Lua" -já há projeto para criar um livro para cada
menino. E mesmo sendo um autor "decano", como ele mesmo se
define, Ziraldo não utiliza consultoria infantil, como a de seus netos, para escrever histórias.
"Eu fui menino, não preciso
consultar crianças para escrever
livros infantis. Só pergunto se o
nome dos jogos continuam os
mesmos, se as matérias da escola
não mudaram etc."
Com o sucesso continuado de
suas obras, notoriamente de "O
Menino Maluquinho", fica difícil
contestar. A propósito, o que explica o tal "sucesso continuado"?
"As pessoas se identificam com
o Maluquinho. E ele é durável
porque não fala de circunstâncias,
ele fala de sentimentos, de saudade, paixão, coisas que falam sobre
a condição humana."
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