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China é tema de filme superlativo
Discovery exibe amanhã o documentário "O Primeiro Imperador", que mostra Qin Shi Huangdi, personagem histórico pouco conhecido
Programa tem exageros evidentes como a ênfase nas lendas e mistérios da
história do país, além da supervalorização de fatos
RICARDO BONALUME NETO
DA REPORTAGEM LOCAL
Se existisse uma competição entre personagens
históricos importantes
mas pouco conhecidos, o chinês Qin Shi Huangdi (259-210
a.C.), tema deste documentário, seria um dos vencedores.
O homem foi o primeiro imperador da China, unificando
sete reinos que viviam em guerra. Construiu boa parte da famosa Grande Muralha. E fez
para si uma tumba monumental, um complexo gigante só encontrado em 1974, no qual foram achados mais de 7.000 soldados de terracota e que continua revelando surpresas.
O documentário sobre ele é,
portanto, excelente para ajudar
a fechar uma lacuna sobre a
história de um país que cada
vez mais age como uma potência global. O que se aprende na
escola sob o nome "história
universal" costumava ser basicamente a história do Ocidente. Os outros povos apareciam
como coadjuvantes, ou então
como figurantes menores no
capítulo sobre a expansão ultramarina européia.
A própria China viveu séculos isolada; o resto do mundo
pouco interessava a essa orgulhosa civilização auto-suficiente. Mas o resto do mundo apareceu por lá nos séculos 19 e 20,
nem sempre com boas intenções, como foi o caso da guerra
com o Japão (1937-1945).
Com a tomada do poder pelos comunistas, em 1949, outros tantos milhões foram liquidados. A história do primeiro imperador prova que violência e autoritarismo não são novidade na vida chinesa.
"Augusto imperador"
O rei Ying Jien sobe ao trono
do reino de Chin ou Qin em 246
a.C. Elimina potenciais rivais,
como dois meio-irmãos. Explorando seus exércitos baseados
em cavalaria e infantaria ligeira, toma os outros seis reinos.
Tomado todo o território que
viria a ser a China, ele assume o
título Shi Huangdi, "primeiro
augusto imperador".
A grande revolução de seu
império foi administrativa. Sua
centralização foi um modelo
que duraria até 1911. O imperador usa seu poder absoluto com
crueldade, mas habilmente.
Recruta milhões à força para
grandes projetos, como a muralha e a tumba.
O documentário segue o modelo básico: faz reconstituições
cinematográficas do imperador
e de cenas de batalha, entrevista especialistas (americanos,
em geral) e usa computação
gráfica para descrever o grandioso complexo funerário.
Há exageros evidentes nessa
dramatização. Por exemplo, há
quem diga que ele nunca comandou diretamente suas tropas, delegando a tarefa para generais. Ao falar da tumba, enfatiza-se a "lenda", o "mistério".
As armas, como bestas e espadas, de inegável boa qualidade,
ganham o status de "decisivas".
Tudo bem, um pouco de sensacionalismo faz parte da coisa.
Como quase tudo na China, a
história do seu primeiro imperador também é superlativa.
O PRIMEIRO IMPERADOR
Quando: amanhã, às 20h
Onde: Discovery Channel
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