|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Catálogo da 27ª Bienal sai com 15 meses de atraso
Publicação da exposição "Como Viver Junto" é lançada depois de circular abaixo-assinado de artistas e curadores na internet
FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL
Depois de 15 meses de encerrada a 27ª Bienal de São Paulo,
intitulada "Como Viver Junto",
o catálogo da mostra finalmente vem a público. Por enquanto,
há só cem exemplares, sendo
distribuídos pela Fundação
Bienal. Só no próximo mês, os
3.000 exemplares da tiragem
oficial passarão a ser distribuídos pela editora Cosac Naify.
O atraso da publicação é um
dos reflexos da polêmica administração de Manoel Francisco
Pires da Costa, reeleito em seu
terceiro mandato, há cerca de
um ano, após ter sido questionado por favorecer parentes
além de sua própria empresa
em negócios da fundação.
Um abaixo-assinado com
933 assinaturas pedindo a publicação do catálogo circulou
pela internet, com nomes de
pessoas representativas do circuito artístico, como os artistas
Ernesto Neto e Rosângela Rennó, e os curadores Moacir dos
Anjos, Paulo Sérgio Duarte e
Ivo Mesquita, que é o curador
da próxima edição. "A falta de
registro impresso de um evento
desse porte torna-o inconcluso
e estagnado, uma vez que o livro cumpre a função de documentar e veicular questões fundamentais da mostra", afirmava o abaixo-assinado.
Uma das razões para a alegada não-conclusão do evento
sem o catálogo foi que a participação de artistas, como Jorge
Macchi e Rivane Neuenschwander, restringiam-se às inserções na publicação.
Um dos destaques da nova
publicação é a reprodução em
fac-símile do Programa Ambiental de Hélio Oiticica, artista inspirador do vetor conceitual do projeto da 27ª Bienal.
Enquanto na própria mostra
não havia obras de Oiticica, o
catálogo dedica 32 páginas a
seus conceitos e projetos.
Obviamente, outro destaque
fundamental são as inserções
de artistas -a dupla Angela Detanico e Rafael Lain, Aya Ben
Ron, Marjetica Potrc, o grupo
Pages e Zafos Xagoraris. "Guia
da Imobilidade", de Macchi,
com mapas das regiões centrais
da cidade, é um dos melhores
trabalhos no catálogo, assim
como a série de fotos de
Neuenschwander, "Canteiros".
A vantagem da publicação
tardia, que obviamente não
precisava ter demorado tanto,
foi apresentar um detalhado
registro fotográfico da exposição. Muitas publicações do gênero trazem fotos antigas, o
que torna tais catálogos frios.
As teses da mostra são discutidas por seus seis curadores.
Além da curadora-geral, Lisette Lagnado, Adriano Pedrosa,
Cristina Freire, José Roca, Rosa Martinez e Jochen Volz, estão presentes, cada um abordando um aspecto da mostra.
Outros intelectuais, como Milton Hatoum, Gianni Vattimo e
León Ferrari, comparecem
com textos que ampliam os debates da exposição.
Polêmica, dividindo opiniões, a 27ª Bienal tem agora
uma nova ferramenta de compreensão que, se publicada no
devido tempo, teria contribuído para um debate mais denso
sobre suas propostas, que, só
agora, chegam por inteiro.
27ª BIENAL DE SÃO PAULO - COMO VIVER JUNTO
Organizadores: Lisette Lagnado e
Adriano Pedrosa
Editora: Fundação Bienal de São
Paulo
Quanto: a definir (622 págs.)
Avaliação: ótimo
Texto Anterior: Música: China aumenta controle após show de Björk Próximo Texto: Série: Especial abre 4º ano de "The Office" Índice
|