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Musical reúne faces de Elizeth Cardoso
João Falcão dirige montagem que costura biografia a 40 canções, com cinco intérpretes no papel da cantora
VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Entre os cerca de cem artistas que fizeram audição para o
musical sobre Elizeth Cardoso
(1920-90), poucos conheciam
seu cancioneiro. Já nos testes,
logo após o Carnaval, os criadores de "Divina Elizeth" se deram conta da responsabilidade
pela frente: preencher um tanto dessa lacuna entre gerações.
Não é a pretensão do espetáculo que estréia amanhã, no
teatro Frei Caneca, em SP. Em
vez disso, o diretor João Falcão,
49, fala em fazer "apenas um
musical brasileiro", assim como a homenageada se dizia
"apenas uma cantora brasileira". Mas ninguém une perto de
40 canções a momentos da vida de Elizeth Cardoso impunemente.
"Tive um "intensivo" da música popular brasileira", diz Falcão, há cinco meses envolvido
com o roteiro e a concepção do
musical. Surpreendeu-o o espectro de influências da obra de
Elizeth, capaz de embolar o antes e o depois dela (Araci Cortes, Aracy de Almeida, Carmen
Miranda, Ary Barroso etc.).
A natureza multifacetada de
tal voz surge representada por
cinco intérpretes: Ana Pessoa,
Beatriz Faria, Carol Bezerra,
Daniela Fontan e Dhu Moraes,
todas experientes no canto, às
vezes de modo familiar -Faria
é filha de Paulinho da Viola.
"A Elizeth tem várias caras.
As cinco cantoras possuem
qualidades distintas. Há quem
tenha mais vibrato, seja mais
dramática, mais leve, mais lépida, folgazã", diz o diretor musical, Josimar Carneiro, 41.
Ele toca violão ao lado de
Marcílio Lopes (bandolim), Gabriel Geszti (teclado e acordeão), Rui Alvim (sax alto e clarinete), Jorge Oscar (baixo
acústico) e Oscar Bolão (bateria
e percussão). Com este, garimpou, anos atrás, partituras originais do acervo do neto de Elizeth. Entre elas, as diretrizes
vocal e instrumental de "Chega
de Saudade", assinadas por
Tom Jobim. O maestro fez parceria com Vinicius de Moraes
no histórico "Canção do Amor
de Mais" (1958), da cantora.
Nos arranjos que assina com
Lopes, Carneiro pretende fundir um tanto de Zimbo Trio, na
formação piano-baixo-bateria,
com outro tanto do Época de
Ouro, que acompanhava Jacob
do Bandolim com violão de sete
cordas, pandeiro e percussão.
Saudades e premonições
No roteiro, João Falcão segue a cronologia biográfica no
que pode e tenta equilibrar saudades e premonições da personagem, dançando passado e futuro. Uma dupla, como que anjos da guarda, costura a narrativa pontuada pelos números.
Íntimo do gênero desde os
tempos de formação no Recife,
nos anos 80, Falcão quer manter a experimentação, como em
"As Aventuras de Zé Jack e Seu
Pandeiro Solto na Buraqueira
no País da Feira" (2005), celebração a Jackson do Pandeiro,
e "Cambaio" (2001), letras de
Edu Lobo e Chico Buarque com
arranjos de Lenine.
DIVINA ELIZETH
Onde: shopping Frei Caneca - teatro (r.
Frei Caneca, 569, 6º andar, tel. 0/xx/
11/3472-2226)
Quando: estréia amanhã, sex. e sáb.,
às 21h; e dom., às 19h. Até 1º/6
Quanto: R$ 80
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