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NY Dolls recriam gênese punk
Referência para grupos hoje clássicos como Ramones e Sex Pistols, banda toca pela primeira vez no Brasil
Vocalista e guitarrista são únicos remanescentes da formação original do New York Dolls, que faz shows em SP hoje e no Recife
MÁRVIO DOS ANJOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O egípcio de origem judaica
Sylvain Mizrahi, 55, deverá visitar pela primeira vez seus primos brasileiros. "Eles são donos de um estacionamento aí
em São Paulo. Vamos ver se
consigo vê-los", diz à Folha.
Um programa leve entre as
duas possibilidades que o Brasil terá -hoje, no Hangar 110,
em São Paulo, e amanhã, no
festival Abril pro Rock, no Recife- de ver a recriação de uma
das trajetórias mais importantes da história do rock: os New
York Dolls, em que o guitarrista atende por Sylvain Sylvain.
"Quando estou diante do espelho e ponho a maquiagem e a
peruca, digo a David [Johansen, vocalista] que foi ótimo
usar tudo isso desde o início.
Agora, nós realmente precisamos", brinca, em referência aos
cabelos hoje mais rarefeitos.
Frutos de uma época de tédio musical -"Tudo que se ouvia na época parecia ópera", diz
Sylvain, sobre a Nova York de
1971-, os New York Dolls casaram moda abusada, rock calcado em blues e performance andrógina. De salto alto, criaram
elementos que ecoariam nas
apoteoses de testosterona do
punk e do metal.
"Estávamos dirigindo o carro
às cegas, sem frear", diz
Sylvain. "Queríamos ser galerias ambulantes de arte e nos
divertir. Em 1975, estávamos
tão à frente do nosso tempo
que até hoje fazemos sentido",
afirma ele, com a autoridade de
quem se sente "resgatado" geração após geração.
"Quando Joey Ramone morreu [2001], Bono [do U2] disse
que os Ramones tinham sido
uma enorme influência para
ele. E sem nós, não teria havido
a cena que criou os Ramones."
Clássicos
Foram os suburbanos Dolls
que iniciaram a onda que inspirou conterrâneos, como Ramones, Television e Blondie, e londrinos, como os Sex Pistols. O
som furioso e a atitude provocadora, porém, não lhes reservaram sucesso comercial.
Antes de a formação clássica
se desintegrar, em 1975, deixaram dois LPs clássicos -"New
York Dolls" (1973) e "Too
Much Too Soon" (1974)-, hits
pirotécnicos, como "Looking
for a Kiss" e "Personality Crisis", e uma horda de fãs. Um deles, Morrissey, ex-líder dos
Smiths, os reuniu em 2004. De
tão seminais, os NY Dolls até
podem negar alguns de seus
herdeiros, como o Kiss.
"Acho esquisito eles dizerem
isso pois nunca tocaram blues.
Sempre foram pop demais."
Sylvain é, ao lado do vocalista
David Johansen, um sobrevivente dos anos de excessos, que
levaram o baterista Billy Murcia, o guitarrista Johnny Thunders (mortos de overdose) e o
baixista Jerry Nolan (infarto).
Em 2004, logo após se reunirem, perderam o baterista Arthur Kane, leucêmico.
"Estive com Jamie, a filha de
Johnny, na gravação do nosso
DVD, em 2006, e ela me disse
que ele amaria nos ver no palco
hoje. Tenho certeza de que os
amigos que se foram nos ajudam lá de cima."
Vêm junto Sam Yaffa (Hanoi
Rocks, baixo), Steve Conte
(guitarra) e Brian Delaney (bateria). E do Brasil de seus primos, Sylvain, conhece algo?
"Dee Dee e Joey sempre nos
diziam que tocar aí é fantástico.
Vamos tocar por uma hora e
meia." O repertório? "Todas as
que ainda soubermos."
NEW YORK DOLLS
Quando: hoje, às 21h
Onde: Hangar 110 (r. Rodolfo Miranda,
110, SP; tel. 0/xx/11/ 3229-7442)
Quanto: R$ 120
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