São Paulo, quinta-feira, 10 de abril de 2008

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Em show, guitarrista Larry Coryell apresenta sua fusão de jazz e rock

Pioneiro em misturas desde os anos 60, músico faz show hoje no Bourbon

CARLOS CALADO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Um dos pioneiros nas fusões do jazz com o rock durante a década de 60, o guitarrista norte-americano Larry Coryell toca hoje à noite, em São Paulo.
Vem acompanhado por dois conceituados instrumentistas do gênero: Mark Egan (baixista) e Paul Wertico (baterista).
"Esse é o meu grupo principal, com o qual toco há muitos anos. Eu me sinto muito confortável ao lado deles", diz o também violonista e compositor texano, de 65 anos.
Coryell despontou na cena do jazz em meados da década de 60, ao gravar com o baterista Chico Hamilton. Pouco depois liderou a meteórica banda Free Spirits, que alguns especialistas consideram ter sido a primeira a introduzir elementos do rock na linguagem do jazz, antecipando o estilo híbrido que ficou conhecido como jazz-rock ou, mais tarde, fusion.
A considerável popularidade que Coryell desfrutou ao longo dos anos 70, especialmente como líder da banda The Eleventh House, não impediu que sua música fosse esnobada por muitos críticos, na década seguinte, quando uma onda de conservadorismo se instalou no cenário jazzístico dos EUA.
"Talvez eu tenha sido um pouco discriminado, mas isso não é tão importante. Acredito que há espaço para todos", afirma o guitarrista. "Sempre gostei de tocar jazz e isso é o que conta. De certo modo, a fusion nasceu porque alguns músicos jovens, como eu, queriam contribuir com algo de novo para a música de nossa geração. Mas tudo o que fizemos e criamos tinha o jazz como base".
Apreciador da música brasileira, Coryell lançou em 1992 o álbum "Live from Bahia" (Rhino), que contou com participações dos violonistas Dori Caymmi e Romero Lubambo, do tecladista Luiz Avellar e do baixista Nico Assumpção, entre outros instrumentistas locais.
Embora admita que durante os últimos anos seu contato com a música brasileira diminuiu, ele demonstra que não perdeu o interesse. Derrama elogios ao bandolinista Hamilton de Holanda, que conheceu em 2005. "Ele é fantástico, tem uma técnica incrível", diz.
Para os fãs mais veteranos de Coryell, que acompanharam seus primeiros shows no Brasil, em 1978, ao lado do violonista anglo-belga Philip Catherine, uma boa notícia: os álbuns "Twin House" e "Splendid", que registram essa lendária parceria, foram finalmente editados em CD no mercado norte-americano meses atrás. "Era muito fácil tocar com Philip porque admirávamos as mesmas fontes musicais", diz.
E como o guitarrista encara as recentes transformações na indústria musical derivadas da tecnologia digital? "Certamente não foram boas para as gravadoras, e os músicos ainda estão se adaptando a elas. Mas o que importa é que as pessoas continuam precisando ouvir música como precisam de comida ou de ar para respirar".


LARRY CORYELL TRIO
Quando:
hoje, às 22h
Onde: Bourbon Street Music Club (r. dos Chanés, 127, tel. 0/xx/11/5095-6100)
Quanto: R$ 95


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