São Paulo, domingo, 10 de abril de 2011

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Novela deixa TV hispânica em 1º nos EUA

Telemundo bateu canais em inglês e chegou à liderança no horário das 22h em 8 de março com "La Reina del Sur"

Segundo presidente do canal, audiência é impulsionada pelo aumento da população latina naquele país

CLARICE CARDOSO
DE SÃO PAULO

Eram 22h do dia 8 de março quando Teresa Mendoza cruzou a fronteira da lista das maiores audiências nos EUA.
Ela é a protagonista de "La Reina del Sur", ambiciosa novela da Telemundo que, naquele dia, conquistou feito inédito na história do canal: foi o programa mais visto entre todas as emissoras.
Com audiência de 2,85 milhões, venceu redes em inglês como CBS, ABC e NBC naquela faixa de horário. Desse total, 1,9 milhão eram adultos com entre 18 e 49 anos, uma faixa disputada pelos anunciantes.
O êxito, porém, não foi algo pontual. A novela já registrou picos de 3,4 milhões e, em suas quatro primeiras semanas no ar nos EUA, acumulou 12,3 milhões.
Apenas a título de ilustração, "Insensato Coração", novela das 20h da Globo, tem oscilado entre 32 e 35 pontos de audiência desde a estreia, o que dá cerca de 1,8 milhão a 2 milhões de domicílios na Grande São Paulo.
"É de longe nosso maior sucesso", disse à Folha o presidente do Telemundo, Don Browne. "Nos EUA, vivemos um momento em que nós ou a Univision podem competir com redes em inglês em qualquer noite. Há uma mudança de cenário."
O canal, que pertence à NBCUniversal e já exibiu sucessos como "Yo Soy Betty, la Fea" e "El Clon" -versão da novela de Glória Perez-, tem crescido significativamente.
Nos primeiros meses deste ano, por exemplo, cresceu 11% no ibope de segunda a sexta no horário nobre, em relação a 2010.
"Há seis anos, comprávamos conteúdos de terceiros. Desde então, começamos a atuar como produtores regionais e criamos um negócio internacional, vendendo conteúdo pelo mundo. Começamos parcerias importantes, como com a TV Globo", explica, usando como exemplo "El Clon".

EN ESPAÑOL
O crescimento do canal como um todo, diagnostica Browne, tem relação com um novo cenário que se desenha na TV americana, consequência das novas configurações da população do país.
"Nossa audiência está mais jovem, bilíngue, bicultural. Estamos tirando público de outros lugares também, mas, ao mesmo tempo, estamos nos diversificando."
Browne não fala sem razão. Segundo o Censo 2010, os hispânicos correspondiam no ano passado a 16% da população dos EUA.
Mais do que isso, foram responsáveis por mais da metade do crescimento demográfico no país entre 2000 e 2010: passaram a ser 15,2 milhões de um total de 27,3 milhões que a nação cresceu como um todo.

CARTEL
"La Reina" é baseada no livro homônimo de Arturo Perez-Reverte. A adaptação teve gravações no Marrocos, no México, na Espanha e na Colômbia, campanha de marketing diferenciada e pode custar, por capítulo, o dobro de um episódio normal.
Na trama, Kate del Castillo é Teresa, uma jovem mexicana humilde que, após um amor, vê sua vida mudar drasticamente.
Quando o amante, envolvido com drogas, morre, ela tem de fugir para a Espanha e, logo, se transforma numa poderosa chefe do tráfico.
Voltar ao tema do tráfico, porém, não pode ajudar a reforçar certos estereótipos sobre a América Latina?
"Cobri guerras de droga na Colômbia como jornalista, então sou bem familiarizado com o assunto. Não acho que o usemos de forma exploratória. Não o glamorizamos, mostramos seu lado feio. É um problema enorme, que motiva crimes e precisa ser discutido inteligentemente."
Segundo Browne, há mais na história que drogas. A novela, diz, é sobre "o poder que é despertado numa pessoa numa situação difícil".


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