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LIVROS
Plágio leva L&PM a processar editora
Nova Cultural, que já suspendeu venda de 22 títulos suspeitos, será acionada judicialmente por negociar traduções plagiadas
"Divina Comédia" e "Madame Bovary" teriam sido publicados pela editora gaúcha com atribuição incorreta dos tradutores
MARCOS STRECKER
DA REPORTAGEM LOCAL
Conhecida pelos títulos herdados da antiga (e renomada)
coleção de clássicos da Abril
Cultural, a Nova Cultural tem
cada vez mais contestada sua
coleção "Obras-Primas", que
foi vendida entre 1995 e 2002
em bancas (onde não é mais comercializada) e está à venda pela internet (nos sites www.novacultural.com.br ou
www.obrasprimas.com.br).
Já são 22 os títulos em que há
confirmação ou suspeita de
atribuição errada dos tradutores. Entre os nomes que teriam
sido omitidos em novas traduções maquiadas ou simplesmente copiadas, está Mario
Quintana, como a Folha noticiou em 15/12/07.
Dois desses títulos, "Madame Bovary" e "A Divina Comédia", tiveram seus direitos revendidos para a editora gaúcha
L&PM, em 23/1/03, que os republicou. Com prazo de cinco
anos, o contrato venceu em janeiro passado. No documento,
ao qual a Folha teve acesso, a
Nova Cultural declara ser detentora das traduções de Enrico Corvisieri ("Bovary") e Fábio M. Alberti ("Comédia").
Mas essas traduções estão sendo contestadas por especialistas, que apontam adulterações
de versões de Araújo Nabuco e
Hernâni Donato.
Agora, o editor da L&PM
Ivan Pinheiro Machado anunciou que vai processar a Nova
Cultural. "O prejuízo é mais
moral", afirma. Mas não é só. A
L&PM mandou notificação para todas as livrarias que comercializam seus livros para que
devolvessem cópias dos dois títulos em consignação, destruiu
os exemplares remanescentes
e providenciou novas traduções. Machado afirma que tudo
será anunciado no site da editora (www.lpm.com.br). "Vamos divulgar com transparência o que aconteceu, informando as medidas que tomamos e
quem é o autor [da tradução]
verdadeiro. A gente assume
que entrou numa fria."
Machado disse que aguardava um laudo oficial ou o parecer de algum órgão de classe
para adotar uma ação judicial.
Mas afirmou que as evidências
apontadas até agora já são suficientes. As edições da Nova
Cultural foram analisadas por
um grupo de tradutores que
apontam os créditos incorretos
nas edições.
Liderando esse grupo, um
movimento "pela cidadania e
de defesa do nosso patrimônio
cultural", está a tradutora Denise Bottman, organizadora
desde dezembro passado de
um movimento que já reuniu
mais de 300 assinaturas de
personalidades e profissionais
da área. Ela reuniu no site assinado-tradutores.blogspot.com a lista das obras suspeitas e o cotejo das traduções.
Ela seguiu as informações publicadas pela Folha em dezembro, além de outras denúncias
que já haviam sido apontadas
pelo tradutor Ivo Barroso, entre outros.
A Folha já havia denunciado
casos de plágio em traduções
da editora Martin Claret, em 4/
11/ 07. E o jornal "O Globo" noticiou novos casos da Nova
Cultural no último dia 19/4.
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