São Paulo, domingo, 10 de maio de 2009

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Banda de 9 músicos toca e se diverte

Móveis Coloniais de Acaju une influências de ska, de rock, de MPB antiga e do Leste Europeu em novo álbum, "C-mpl-te"

Criado em Brasília, o grupo mescla instrumentos como sax barítono, teclado, flauta transversal, trombone, sax tenor, guitarra e baixo


THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL

Em 2005, um disco revelava uma das bandas mais singulares do pop no Brasil. Começava pelo nome meio esquisito: Móveis Coloniais de Acaju. E seguia com o número de integrantes (nove) e com a música em si, que reunia rock, ska, música brasileira antiga e referências ao Leste Europeu.
O resultado do disco, "Idem", pode ser comparado a um almoço em um restaurante por quilo: jogamos no prato macarrão, arroz, feijão, sushi e creme de milho -tudo muito gostoso separadamente; misturado, dá aquela dor de barriga.
Em "Idem", o Móveis Coloniais de Acaju lembrava um Karnak -e o mundo não precisa de dois Karnaks.
"O que eles precisavam era encontrar uma identidade. Antes, [a banda] apontava para direções abrangentes, mas sem tanto acabamento nas canções", diz Carlos Eduardo Miranda, 47, jurado do programa "Astros", do SBT, e produtor musical (Raimundos, Skank).
"Tentei com eles encontrar um foco que fizesse a banda seguir com mais conforto."
E Miranda conseguiu. Trabalhou como um guia para a banda, que após quase um ano em estúdio burilando as várias influências, lança "C-mpl-te", um segundo disco em que consegue traduzir o clima celebratório e emotivo dos seus shows com coesão e criatividade.
Porque os shows do Móveis Coloniais de Acaju são dos mais alegres e empolgantes do país, com banda e público criando uma firme comunhão.
"Essa relação [com o público] está bastante refletida nesse disco", afirma o vocalista André Gonzales, 26. "Nos divertimos muito no palco, e isso gera uma relação próxima com os fãs."

Ao vivo
Essa relação foi testemunhada pela Folha -no início de abril, o grupo fez um show de lançamento do disco na cidade natal, Brasília. Cinco mil pessoas se acotovelaram em espaço montado dentro da Universidade de Brasília (UnB) em uma animada apresentação de quase duas horas.
Ao vivo, os nove integrantes alcançam um entrosamento invejável utilizando instrumentos como sax barítono, teclado, flauta transversal, trombone, sax tenor e os convencionais guitarra, baixo e bateria.
"Na banda, todo mundo apita. Todos são líderes. Às vezes isso traz dificuldade, perdemos muito tempo discutindo. Mas o grupo todo assume tudo, das letras às melodias e harmonias", afirma Gonzales.
Formado em 98, o Móveis Coloniais de Acaju (o nome remete à Revolta do Acaju, ocorrida na Ilha do Bananal no século 18) vem aprimorando as múltiplas referências ao longo dos anos. "C- mpl-te" pode ser o disco que transformará a banda de fenômeno brasiliense em respeitado nome nacional.
Nos próximos dias 16 e 17, o grupo se apresenta na Virada Cultural Paulista (em Indaiatuba e Caraguatatuba, respectivamente). Em 22 e 23/5, faz shows no Sesc Pompeia.


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