|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Banda de 9 músicos toca e se diverte
Móveis Coloniais de Acaju une influências de ska, de rock, de MPB antiga e do Leste Europeu em novo álbum, "C-mpl-te"
Criado em Brasília, o
grupo mescla instrumentos
como sax barítono, teclado, flauta transversal, trombone, sax tenor, guitarra e baixo
THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL
Em 2005, um disco revelava
uma das bandas mais singulares do pop no Brasil. Começava
pelo nome meio esquisito: Móveis Coloniais de Acaju. E seguia com o número de integrantes (nove) e com a música
em si, que reunia rock, ska, música brasileira antiga e referências ao Leste Europeu.
O resultado do disco, "Idem",
pode ser comparado a um almoço em um restaurante por
quilo: jogamos no prato macarrão, arroz, feijão, sushi e creme
de milho -tudo muito gostoso
separadamente; misturado, dá
aquela dor de barriga.
Em "Idem", o Móveis Coloniais de Acaju lembrava um
Karnak -e o mundo não precisa de dois Karnaks.
"O que eles precisavam era
encontrar uma identidade. Antes, [a banda] apontava para direções abrangentes, mas sem
tanto acabamento nas canções", diz Carlos Eduardo Miranda, 47, jurado do programa
"Astros", do SBT, e produtor
musical (Raimundos, Skank).
"Tentei com eles encontrar
um foco que fizesse a banda seguir com mais conforto."
E Miranda conseguiu. Trabalhou como um guia para a banda, que após quase um ano em
estúdio burilando as várias influências, lança "C-mpl-te",
um segundo disco em que consegue traduzir o clima celebratório e emotivo dos seus shows
com coesão e criatividade.
Porque os shows do Móveis
Coloniais de Acaju são dos mais
alegres e empolgantes do país,
com banda e público criando
uma firme comunhão.
"Essa relação [com o público]
está bastante refletida nesse
disco", afirma o vocalista André
Gonzales, 26. "Nos divertimos
muito no palco, e isso gera uma
relação próxima com os fãs."
Ao vivo
Essa relação foi testemunhada pela Folha -no início de
abril, o grupo fez um show de
lançamento do disco na cidade
natal, Brasília. Cinco mil pessoas se acotovelaram em espaço montado dentro da Universidade de Brasília (UnB) em
uma animada apresentação de
quase duas horas.
Ao vivo, os nove integrantes
alcançam um entrosamento
invejável utilizando instrumentos como sax barítono, teclado, flauta transversal, trombone, sax tenor e os convencionais guitarra, baixo e bateria.
"Na banda, todo mundo apita. Todos são líderes. Às vezes
isso traz dificuldade, perdemos
muito tempo discutindo. Mas o
grupo todo assume tudo, das
letras às melodias e harmonias", afirma Gonzales.
Formado em 98, o Móveis
Coloniais de Acaju (o nome remete à Revolta do Acaju, ocorrida na Ilha do Bananal no século 18) vem aprimorando as
múltiplas referências ao longo
dos anos. "C- mpl-te" pode
ser o disco que transformará a
banda de fenômeno brasiliense
em respeitado nome nacional.
Nos próximos dias 16 e 17, o
grupo se apresenta na Virada
Cultural Paulista (em Indaiatuba e Caraguatatuba, respectivamente). Em 22 e 23/5, faz
shows no Sesc Pompeia.
Texto Anterior: Ferreira Gullar: Se correr o bicho pega... Próximo Texto: Frase Índice
|