São Paulo, terça-feira, 10 de maio de 2011

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TRECHO

É preciso que entre nesse corpo pálido, alheio à sua terra, para comunicar-se com os deuses brancos que o habitam, mesmo que tenha de rasgá-lo e fazê-lo sangrar. (...)
O violador começa a mover-se, a princípio com lentidão, depois com maior força e velocidade, até alcançar um ritmo igual, regular, inquisitivo. No espelho se reproduzem os corpos acasalados, que se movem em cadência, e o longo sair e entrar, à maneira de um êmbolo, do enorme membro viril que o despedaça, mas que o faz experimentar sensações jamais sentidas. O silêncio se acentua (a respiração arquejante dos dois participa desse silêncio) e transforma-se em algo jubiloso que aumenta, cresce, até parecer um canto. Lúcio põe as mãos para trás, a fim de acariciar esse corpo maravilhoso, senti-lo mais e melhor. Nesse momento, King-Kong emite um doce gemido e atinge o orgasmo, imobilizando-se.

Extraído de "Orgia"


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