São Paulo, terça-feira, 10 de maio de 2011 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
Autor enfrenta ostracismo em sua terra natal LUCAS FERRAZ DE BUENOS AIRES As aventuras sexuais de Tulio Carella no Brasil trouxeram problemas para o escritor em seu país que persistem até hoje. Rejeitado pela família, que não quer agora -como nunca quis antes- a edição do livro na Argentina, os diários eróticos do intelectual ajudaram a levar ao ostracismo toda a sua obra anterior. Desde a publicação de "Orgia", em 1968, nenhum de seus 26 livros foi novamente editado. Autor reconhecido principalmente pelos trabalhos sobre tango e o teatro portenho da primeira metade do século passado, o livro erótico de Carella -como seu passado gay- é desconhecido na Argentina, onde "Orgia" nunca foi publicado. "Quando Carella voltou ao país, era impossível falar em homossexualidade", afirma o escritor Osvaldo Bazán, autor de "Historia de la Homosexualidad en la Argentina", em que faz referência ao cultuado livro gay. A Folha localizou em Buenos Aires Esteban Carella, 30, sobrinho-neto do escritor (que não teve filhos). Responsável pelos direitos autorais do tio-avô, ele não sabia da reedição de "Orgia" no Brasil. "Não autorizamos a reedição nem fomos consultados", disse. Demais familiares não quiseram falar sobre o escritor nem sobre sua obra. O sobrinho-neto diz ter uma preocupação com o sobrenome da família, mas ressaltou que, pessoalmente, não é contra a publicação da obra gay. O editor Álvaro Machado, da Ópera Prima Editorial, não havia conseguido localizar um familiar de Carella -ele comprou os direitos da tradução, já que os originais sumiram. Machado iniciou conversa com Esteban para tentar um acordo. "Ele disse não querer o livro publicado em espanhol." Apesar da resistência familiar para se publicar "Orgia" na Argentina, a literatura erótica de Carella desperta interesse. "É um livro muito moderno, eu mesmo queria traduzi-lo para o espanhol", afirma Bazán. A editora Libros del Náufrago está interessada. "É um livro inédito e totalmente distinto de tudo o que ele escreveu. É uma pena a família barrar a publicação", comenta o editor Juan Ignácio Calcagno. Texto Anterior: Livro traz painel de artistas e intelectuais da década de 1960 Próximo Texto: Anthony McCall ganha retrospectiva em SP Índice | Comunicar Erros |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |