São Paulo, Segunda-feira, 10 de Maio de 1999
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Bret Michaels, músico

THALES DE MENEZES
da Reportagem Local

A Michaels Productions apresenta... um filme de Bret Michaels. Estrelando: Bret Michaels. Música de Bret Michaels. Editado por Bret Michaels. Produtor-executivo: Bret Michaels. Escrito por Bret Michaels. Direção: Bret Michaels.
Assim são os créditos iniciais de "O Corredor da Morte", filme desse rapaz modesto chamado Bret Michaels, um nome que só tem algum significado para quem foi adolescente no final da década passada. Michaels era o vocalista da banda de metal farofa Poison.
Muitos roqueiros acusavam o Poison de passar mais horas diárias no cabeleireiro do que tocando guitarra, mas a banda emplacou vários hits. "Bad boy" loiro e tatuado, Michaels arrecadou dinheiro e prestígio suficientes para ser um milionário e o primeiro marido de Pamela Anderson.
Sem sucesso com a música nesta década, o rapaz resolveu abrir um produtora de filmes. Já lançou vários títulos pornográficos e investiu em policiais de baixo custo. Após dirigir dois pornôs sob pseudônimo, ele apresenta agora sua "estréia", "O Corredor da Morte".
E Michaels resolveu deixar a simplicidade de lado. O filme tem uma narrativa um tanto indigesta, misturando sequências em 8 mm, imagens em negativo e locução sobreposta de uma escritora que prepara um livro sobre a história.
E que história! Um inocente (Michaels, lógico) é vítima de uma armação e acaba condenado à morte. Na prisão, conhece uma galeria de bizarros personagens, incluindo alguns que podem dar a ele chance de provar sua inocência.
O roteiro abusa das coincidências e despreza regularmente a inteligência do espectador. Há tantas reviravoltas que o espectador corre o risco de perder a paciência e pedir que o personagem vá logo para a cadeira elétrica.
Michaels não nega as origens, porque algumas sequências parecem videoclipe de banda vagabunda. Há cenas em casas de striptease capazes de deixar qualquer garoto de 14 anos ligadão. A trilha sonora martela rocks comportados travestidos de metal hardcore. Beavis e Butt-Head adorariam.
Na tentativa de dar um pouco mais de credibilidade para a fita, Michaels convocou um amigo de farras famoso, Charlie Sheen, para uma participação especial. Co-roteirista de um novo filme de Michaels, o ator conseguiu trazer o pai, o veterano Martin Sheen, para um papel constrangedor. Coisa que não se faz com o próprio pai.
No final das contas, o único ponto a favor de Michaels seria que, ao contrário de colegas roqueiros que torraram fortunas em cocaína e heroína, ele investe em cinema. Mas, pensando bem, seu filme não deixa de ser uma droga.


Avaliação:

Filme: O Corredor da Morte
Título original: A Letter from Death Row
Produção: EUA, 1998, 90 min
Direção: Bret Michaels e Marvin Baker
Com: Bret Michaels, Martin Sheen




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